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‘Estou com mais coragem de lutar do que quando saí daqui’, diz Lula em pronunciamento histórico

Ex-presidente convoca mobilização nas ruas para que o país enfrente o ataque a direitos promovido por Bolsonaro. "Ele foi eleito para governar para o povo, não para milicianos"

Victor Saavedra / Carta Maior
Victor Saavedra / Carta Maior
“Estou com 74 anos e não tenho o direito de ter ódio no meu coração", disse Lula

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está de volta à luta política e tem como questão de honra brigar para recuperar o país. Esse foi, em síntese, o recado de seu discurso histórico, proferido em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, na tarde deste sábado (9), depois de ter sido solto ontem após 580 dias preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.

“Estou com mais coragem de lutar do que quando saí daqui. Lutar para que o trabalhador tenha carteira assinada, tenha direito de reunir a família, fazer um churrasco e tomar uma cervejinha, que é o que deixa a gente feliz”, afirmou para a multidão que se aglomerou em frente ao prédio do sindicato.

“Veja que não estou pedindo nem pra todo mundo ser corintiano. Pode ser palmeirense, santista, são paulino, pode ser flamenguista, mas a única coisa que estou pedindo pra vocês é o seguinte: eu vejo todos os companheiros que estão aqui reclamar que está difícil levar o povo para a rua, tem gente que fala que precisa derrubar o Bolsonaro, impeachment. Esse cidadão foi eleito. Democraticamente nós aceitamos o resultado da eleição. Esse cara tem um mandato de quatro anos, agora, ele foi eleito para governar para o povo brasileiro, e não para governar para os milicianos”, criticou.

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Lula de volta aos braços do povo, repetindo a cena do dia de sua prisão, em abril de 2018, quando discursou no mesmo local / foto: RBA

“Ele não pode fazer investigação do que eles fizeram para matar a Marielle. Não é a gravação do filho dele que vale. É preciso que haja uma perícia séria para que a gente saiba definitivamente quem foi que matou a nossa guerreira, amada Marielle, a grande vereadora do Rio de Janeiro, grande companheira defensora das mulheres”, destacou Lula sobre o caso em que o presidente Bolsonaro interferiu nas investigações da morte da vereadora, depois que veio à tona que Élcio de Queiroz, um dos supostos executores, esteve no seu condomínio horas antes do crime.

“Estou com 74 anos e não tenho o direito de ter ódio no meu coração. Eu não sabia que ia me apaixonar, eu estou com 74 anos, energia de 30 anos e tesão de 20. Eu não tenho que ficar nervoso. A única coisa que me motiva é governar para o povo necessitado”, disse ainda Lula.

Ele também falou sobre os próximos passos de sua defesa no judiciário. “O que queremos é que seja julgado no STF o habeas corpus anulando todos os processos contra mim. O Moro é mentiroso, o Dallagnol é mentiroso. Tudo o que o Intercept fala foi escrito pela minha defesa antes. Foi para me tirar da disputa eleitoral”, disse o ex-presidente em referência aos processos da Lava Jato contra ele.

Ao iniciar o pronunciamento, pouco antes das 15h, Lula criticou a Rede Globo. “Você não têm dimensão do que significa o dia de hoje. Lá em cima está o helicóptero da Rede Globo para falar merda outra vez sobre o Lula e sobre nós”, afirmou.

Relembrando o dia de sua prisão, 7 de abril de 2018, o ex-presidente, quando parte da militância do partido se manifestou contrária a que ele aceitasse a prisão, Lula disse que “quando o homem tem clareza do que quer, e sabe que seus algozes estão mentindo, eu tomei a decisão de ir lá eu preciso provar que o juiz não era juiz, mas um canalha que estava me julgando”.  Ele também disse que o procurador Deltan Dallagnol “montou uma quadrilha”, inclusive para pegar dinheiro da Petrobras.

Acompanhe a íntegra do discurso de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:

Confira o momento em que Lula deixa a sede do sindicato, após discurso histórico, e o depoimento da assistente social Ana Maria Ferreira:

 

Confira vídeo da mobilização no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:

Com informações de Paulo Donizetti de Souza e Cláudia Motta.

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