à espera do fundo do poço

Sérgio Nobre, presidente da CUT: por que as ruas não reagem a Bolsonaro

O sindicalista participou do programa "Entre Vistas", apresentado por Juca Kfouri. "Precisamos ir para os bairros e conversar com a população"

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"Estamos subordinando nosso país a interesse dos Estados Unidos"

São Paulo – Sérgio Nobre, recém eleito para a presidência da CUT, é o convidado de hoje (31) do programa Entre Vistas, da TVT. O apresentador Juca Kfouri, que conduziu a conversa, foi direto ao ponto. Logo no início, perguntou o porquê de uma aparente imobilidade nos setores populares da população brasileira que parece receber sem reação uma série de ataques violentos do governo Bolsonaro.

Antes de entrar no delicado tema, Sérgio Nobre, que é palmeirense fanático, foi questionado se seu time possui título mundial de clubes. A resposta, obviamente, foi positiva. O corintiano Juca desconversou e retomou a pauta de maior relevância. “Estamos vendo a América do Sul digamos, de alguma maneira, enterrando o neoliberalismo. Vimos nas eleições da Argentina, vemos no Chile, no Equador, enfim. Aqui no Brasil as pessoas perguntam: ‘Depois de tudo que aconteceu, de uma reforma trabalhista, de uma reforma da Previdência enfiada goela abaixo, tentativas de mexer nos sindicatos. Por que não reagimos como os hermanos?'”, questionou o apresentador.

Nobre, então, contextualizou o problema. “No caso do Chile, valeria para outros países, o processo de desmonte da rede de proteção social, da legislação trabalhista, enfraquecimento das organizações populares, se dá há bastante tempo. Eles não têm nada, privatizaram as estatais, privatizaram a Previdência. Hoje, no Chile tem o sistema de capitalização privada, o que Paulo Guedes queria para o Brasil. Foi uma tragédia. Hoje, o trabalhador idoso, quando se aposenta, ou tem família ou não sobrevive, se suicida.”

Participam do Entre Vistas ao lado de Juca Kfouri a secretária de Mulheres da CTB em São Paulo, Gisélia Bittencourt, e a representante do Coletivo de Mulheres do ABC Andrea Ferreira de Sousa.

O fim da crise

O fato é que o Brasil atravessa um período de desmonte de suas instituições, de grande fragilidade da democracia, de aparelhamento extremo da máquina pública para seu desmanche, de extermínio de direitos, de partidarização da Justiça, enfim, uma ampla crise social agravada por indicadores econômicos pífios, resultados de uma política neoliberalizante que garante apenas a ampliação da desigualdade e da expropriação da classe trabalhadora.

Diante desse cenário, Sérgio pensa que é necessário “não permitir que os instrumentos de indução do crescimento da economia sejam destruídos”. Enumera: “Defender a Petrobras, empresas de pesquisa, universidades. É de fundamental importância. Sem isso, não conseguimos crescer. A pobreza e exclusão pode ser nosso passaporte para o futuro. Nosso povo não tem nada ainda, mora em barraco. Tomar a decisão de um grande plano habitacional, vamos movimentar uma indústria da construção civil que está parada. O povo não tem saneamento, escolas. Temos tudo por fazer”.

“Bolsonaro está fazendo o contrário. Estamos subordinando nosso país a interesse dos Estados Unidos, estamos entregando nossa riqueza para o estrangeiro que não pretende produzir aqui. É um absurdo o que fazemos. Paulo Guedes quer vender as estatais, a Amazônia, até o Planalto. Se isso acontecer, vamos virar um caso de estudo. Um país só se apropria da riqueza do outro em guerra. Estamos entregando de mão beijada para eles. É um absurdo. Precisamos ir para os bairros e conversar com a população”, completou.

Assista à entrevista com Sérgio Nobre:



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