'Leão' acuado

Psol vai pedir ao STF para barrar tentativa de Bolsonaro de interferir nas investigações da morte de Marielle

Presidente anuncia que acionou o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que a Polícia Federal tome novo depoimento do porteiro que citou seu nome

José Dias/PR
José Dias/PR
Reações de Bolsonaro à reportagem que o envolve na morte de Marielle apontam para interferência pessoal nas investigações

São Paulo – O presidente do Psol, Juliano Medeiros, disse que a bancada do partido vai se reunir nesta quarta-feira (30), em Brasília, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para pedir a continuidade das investigações, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), da morte da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em março do ano passado. O partido teme a interferência política do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que anunciou nesta manhã (30) que pediu para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, interferir nas investigações, após ter o seu nome envolvido no inquérito.

Em depoimento, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, afirma que Elcio Queiroz, um dos suspeitos de executar o crime de Marielle, teria pedido para ir a unidade 58, casa onde mora o presidente, e teve o seu acesso liberado pelo “Seu Jair”. Depois de entrar, porém, Elcio teria se dirigido à casa de Ronaldo Lessa, denunciado como autor da execução. As informações foram reveladas em reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, que também lembrou que no dia 14 de março, Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados, em Brasília. Bolsonaro quer que Moro acione a Polícia Federal (PF) para colher novo depoimento do porteiro.

“O STF tem que autorizar o MP-RJ a continuar as investigações. É isso que vamos pedir hoje numa audiência entre a bancada do Psol e o presidente do STF. Vamos pedir a ele que autorize o MP a prosseguir com as investigações no Rio de Janeiro, e não interdite as investigações, recomeçando do zero, lá no STF”, afirmou Medeiros aos jornalista Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, na manhã desta quarta.

O presidente do Psol disse que Bolsonaro e Moro devem aguardar a manifestação do STF, antes de tomarem qualquer providência.  “É uma clara tentativa de interferir nas investigações e politizar o processo. Ele já tentou fazer isso ontem ao dizer que a culpa do vazamento é do (Wilson) Witzel (governador do Rio). Tenta atirar para todo lado para se defender”, disse. Apesar de considerar que o crime contra a vereadora tenha motivações políticas, Medeiros teme que a politização das investigações sirva para atrapalhar a elucidação do caso.

O presidente do Psol classificou como desequilibrada e destemperada a reação de Bolsonaro durante uma live na sua página do Facebook, em que atacou o próprio Psol, a Rede Globo, e o governador Witzel (PSC), que teria, segundo o presidente, colaborado com o vazamento das informações da investigação para a emissora.  “É um leãozinho acuado, como demonstrou no vídeo divulgado essa semana. E só sai dessa condição defensiva atacando todo mundo.”

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