DESINFORMAÇÃO

Moro ignora esforço de voluntários no Nordeste e diz que é o governo que recolhe óleo nas praias

Ministro foi surpreendido com pergunta durante entrevista coletiva em Recife, e ao responder mostrou que não está informado sobre o grave crime ambiental

Leo Domingos
Leo Domingos
Cabo de São Agostinho (PE): Cerca de 10 toneladas de manchas de óleo foram retiradas da Praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho na manhã deste domingo

São Paulo – O derramamento de petróleo nas praias do Nordeste do país respingou hoje (21) no ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Ao participar de uma coletiva de imprensa na região metropolitana de Recife para falar de um programa de segurança pública do governo Bolsonaro, o ministro foi surpreendido com uma pergunta sobre o crime ambiental de responsabilidade ainda desconhecida e a falta de ações por parte do governo.

“A gente quer saber quando e quanto o governo federal vai enviar de ajuda para este desastre ambiental que a gente está enfrentando”, afirmou uma jornalista. Moro respondeu que essa não era a pauta da reunião, mas no afã de falar disse que “pelo que eu tenho acompanhado, sim, o governo tem feito sua parte, tem recolhido toneladas expressivas de óleo que foram derramados por causas que ainda estão sendo investigadas, mas o governo federal tem sim trabalhado. Mas de todo modo a coletiva aqui é para falar do Em Frente Brasil”, afirmou, referindo-se ao programa de segurança pública.

“Mas quem está recolhendo são os voluntários e os agentes do estado”, retrucou a jornalista,  segundo vídeo postado nas redes sociais pela deputada federal Marília Arraes (PT-PE).

Marília também usou as redes sociais para lembrar que “já são quase dois meses de um vazamento de óleo que ninguém sabe ao certo de onde veio. Pelo menos 200 praias do Nordeste já foram atingidas. 12 unidades de conservação foram contaminadas. A população continua fazendo o trabalho que é dos Governos”, afirmou a deputada. Segundo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), até agora foram atingidas 201 praias em 74 municípios do Nordeste.

Marília também cobrou o governo federal: “Onde está a tecnologia, os equipamentos e a expertise da Marinha, do Ibama e de outras instituições vinculadas ao Executivo Federal, que deveriam estar na linha de frente das ações?”

Segundo Marília, o governo de Pernambuco também falhou ao não ter montado um planejamento eficiente com a antecedência necessária. “A população está tirando os rejeitos com as próprias mãos, arriscando sua saúde e segurança! Especialistas ambientais já falam em prejuízos com duração superior a dez anos a diversos ecossistemas. Economicamente o impacto para os municípios e milhares de pequenos, médios e grandes empreendimentos ligados ao turismo na região também já preocupa. Enquanto isso, o silêncio do presidente Bolsonaro e de toda a sua equipe ministerial chama a atenção dentro e fora do Brasil. O Nordeste está sendo atacado: pelo descaso, pela irresponsabilidade, pela falta de ação deste desgoverno.”

Audiência

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realiza nesta terça, às 10h, no Plenário 14, audiência pública para discutir o crime ambiental. Estarão presentes um representante do Ministério do Meio Ambiente;  o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim; um representante da Marinha do Brasil; um representante da Agência Nacional do Petróleo (ANP); um representante da Petrobras; e um representante do Greenpeace.

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