fim da blindagem

Rejeição do Senado a procuradores do CNMP indicam enfraquecimento da Lava Jato

"República de Curitiba" perde credibilidade perante o público, imprensa e a classe política, depois da série de ilegalidades cometidas reveladas pela Vaza Jato

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
"Há uma perda de legitimidade e credibilidade da Lava Jato em escala acelerada", afirma o criminalista Portela Junior

São Paulo – Dois integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tiveram a sua recondução rejeitada pelo Senado nesta quarta-feira (18). Lauro Nogueira e Dermeval Gomes Filho haviam votado contra representação que pedia abertura de inquérito para apurar denúncias envolvendo o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol. Segundo o advogado criminalista José Carlos Portela Junior, membro do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (AAD), é mais uma demonstração da perda de apoio político à “República de Curitiba”, que tem a sua credibilidade abalada a cada nova revelação trazida pela Vaza Jato.

“Há uma perda de legitimidade e credibilidade da Lava Jato em escala acelerada”, afirmou aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (19). Também professor de Processo Penal no Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), Portela Junior diz que é perceptível a perda de apoio aos procuradores da força-tarefa, até mesmo na capital paranaense.

“Percebemos que há setores da imprensa tradicional que têm aumentado a crítica, o que não se via no passado. Temos visto também, nos órgãos de controle, um discurso diferente daquele adotado, até então, que tolerava todos os abusos dos agentes da Lava Jato”, ressaltou.

PGR

Ao mesmo tempo em que os procuradores de Curitiba estão cada vez mais questionados, o subprocurador Alcides Martins, que assumiu como interino o cargo de procurador-geral da República, anunciou o retorno dos procuradores da Lava Jato que atuavam em Brasília. Eles haviam pedido demissão coletiva em protesto contra a então procuradora-geral Raquel Dodge, por esta ter pedido o arquivamento de trechos da delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro que envolviam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-prefeito de Marília (SP) José Ticiano Dias Toffoli, irmão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli.

Para Portela Junior, trata-se de uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro de se apoiar no que ainda resta de apoio à Lava Jato para tentar alavancar a sua própria popularidade, também declinante. “Bolsonaro está precisando de apoio popular, em função das pesquisas que mostram o crescimento da desaprovação ao seu governo. Usa dessa bandeira da Lava Jato para ganhar algum respaldo perante ao público.”

Ouça a entrevista na Rádio Brasil Atual

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