“Escolas de civismo”

Frente parlamentar pró-Bolsonaro em São Paulo quer expansão dos Tiros de Guerra no estado

Atualmente existem 230 em todo o país, dos quais 84 espalhados por municípios paulistas. Deputado do PSL quer mais "civismo, patriotismo, respeito, disciplina"

Claudio Vieira/Prefeitura S.J. dos Campos
Claudio Vieira/Prefeitura S.J. dos Campos
Desfile de "atiradores" do Tiro de Guerra de São José dos Campos

São Paulo – A militarização do governo e das instituições implementada pelo capitão do Exército Jair Bolsonaro (PSL), com militares até no comando do Ministério do Meio Ambiente, começa a avançar para outras esferas. Foi lançada na noite desta terça-feira (10), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a Frente Parlamentar pela Criação e Preservação dos Tiros de Guerra do Estado de São Paulo. O objetivo é a expansão, para todo o estado, dos Tiros de Guerra (TG), por meio do suporte às prefeituras interessadas e pelo incentivo à criação de novos em cidades que assim julgar necessário.

Os Tiros de Guerra, instituição militar do Exército, forma, como o nome diz, atiradores e cabos reservistas, que podem eventualmente ser convocados em caso de o país entrar em um conflito militar. Atualmente existem 230 quartéis do TG em todo o país, dos quais 84 espalhados por municípios paulistas.

A frente é coordenada pelo deputado Tenente Coimbra (PSL) e tem três membros efetivos – Gil Diniz, Castello Branco e Valeria Bolsonaro (que não tem parentesco com o presidente), todos do PSL – e 32 apoiadores, de diversos partidos.

Segundo o Exército Brasileiro, trata-se de uma experiência bem-sucedida em parceria com a sociedade. São mantidos por meio de convênios com o Comando da Região Militar. A Prefeitura fornece as instalações e o Exército os instrutores, o fardamento e os equipamentos. Durante 40 semanas, com carga semanal de 12 horas, jovens que foram dispensados do serviço militar recebem treinamento militar.

“O civismo, patriotismo, respeito, disciplina entre outros diversos valores ali cultuados são o grande diferencial. Baseando-se nesses pontos, não é de se surpreender que a grande maioria dos jovens que por ali passam levem consigo, pelo resto da vida, os ensinamentos diferenciados que a caserna oferece, tornando-se referência em diversos setores da sociedade, pensando sempre no melhor para o Brasil”, avalia Tenente Coimbra.

O parlamentar, que coordena também a frente parlamentar pela criação de  Escolas Militares no Estado de São Paulo, tem visitado prefeitos para ampliar parcerias. No início de julho esteve com Aguilar Junior (MDB), de Caraguatatuba, no Litoral Norte. A prefeitura estima que todos os anos cerca de mil jovens se alistam no Exército, dos quais 450 são dispensados. O TG seria então uma opção os que desejam seguir estudos da escola militar.

Cocaína no fubá

Representante de Santos, Tenente Coimbra tem 28 anos e é defensor da ideia de que “bandido bom é bandido morto”, ou seja, “melhor que a mãe do vagabundo chore do que a do policial“. Costumava aparecer em fotos ao lado de Bruno Lamego Alves, que no final de maio foi preso. Segundo a Polícia Federal, Bruno comprou grande quantidade de fubá para esconder 760 quilos de cocaína, que seria enviado em contêiner do porto de Santos para Antuérpia, na Bélgica.

Ao G1, o parlamentar disse na época que havia conhecido Bruno poucos meses antes, “através de outras pessoas, mas não tenho amizade”, afirmou. Disse ainda que “nunca soube de qualquer atividade ilícita por parte dele”. E que assim que soube da prisão, cortou qualquer tipo de relação, inclusive nas redes sociais, “pois não me relaciono nem com suspeitos nem com bandidos”.

Reprodução

Deputado mostra na prática os “ensinamentos diferenciados que a caserna oferece, pensando sempre no melhor do Brasil”

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