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Mídia internacional repercute discurso de Bolsonaro: “Me dá pena do Brasil”

Agressividade e retórica ideológica de Jair Bolsonaro provocou uma onda de comentários na imprensa internacional

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Norte-americano Politico lembra que a democracia corre riscos em todo o mundo. "Bolsonaro é um líder populista de direita que fala abertamente de sua admiração pela ditadura"

São Paulo – O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (24), eve ampla repercussão no noticiário internacional. “Arrogante”, “ultranacionalista”, “dá pena do Brasil”, foram termos utilizados para descrever as palavras do político. Bolsonaro fez uma fala agressiva e atacou diferentes membros da comunidade internacional. Sobrou para ambientalistas, índios, jornalistas, França, Venezuela, Cuba e a própria ONU.

“Jair Bolsonaro dispara carga de intolerância na Assembleia-Geral da ONU em digressões e retóricas confusas”, disse o maior periódico francês, Le Monde. Já o norte-americano The Wall Street Journal chamou Bolsonaro de “líder de extrema-direita” e deu destaque para a fala do extremista sobre a Amazônia. Para Bolsonaro, não existe devastação e incêndios são provocados “culturalmente” por indígenas. “Críticos dizem que a negligência ambiental de seu governo é culpada (…) em campanha, prometeu reduzir a burocracia ambiental”, disse o periódico.

O repórter Tom Phillips, do jornal britânico The Guardian, foi ainda mais duro com Bolsonaro. “Mesmo nos piores pesadelos, não tenho certeza de que diplomatas brasileiros tenham imaginado um discurso de Bolsonaro na #UNGA (Assembleia Geral das Nações Unidas, na sigla em inglês) tão arrogante, tão cheio de bílis e tão verdadeiramente calamitoso para o lugar do Brasil no mundo. #MeDaPenaPorBrasil”, disparou.

O negacionismo bolsonarista sobre fatos concretos foi alvo de espanto do The Huffington Post. “Bolsonaro diz que a Amazônia não está sendo devastada (…) e culpou as organizações internacionais de mídia e ambientais por espalharem ‘mentiras’ sobre os incêndios que assolam a floresta amazônica durante um discurso nacionalista que abriu a Assembléia Geral das Nações Unidas na manhã desta terça-feira.”

Para contextualizar o leitor norte-americano, o portal Politico apresentou Bolsonaro como membro de um conjunto de aspirantes a ditadores que discursaram na ONU, como o ditador egípcio Abdel Fattah el-Sisi e o controverso líder turco Recep Tayyip Erdoğan. O portal lembra que a democracia corre riscos em todo o mundo.

“Bolsonaro é um líder populista de direita que fala abertamente de sua admiração pela ditadura que já comandou seu país. Ele passou a comemorar o golpe de 1964 que instaurou um regime militar até 1985 (…) o período foi marcado por tortura e repressão, que ele classifica como ‘glorioso'”.

Na América Latina, o argentino Clarín deu destaque ao discurso altamente ideológico de Bolsonaro. “Levou à tribuna da ONU suas batalhas contra o comunismo, a ideologia de gênero, o ambientalismo ‘superado’ e ao ‘indigenismo superado'”. Já o Granma, periódico cubano, destacou as ofensas de Bolsonaro ao país e a resposta do chanceler Bruno Rodríguez Parrilla aos “delírios” do extremista brasileiro.