Nação em risco

‘Temos de organizar o povo para defender o Brasil como nação’, diz Stédile

Para o coordenador nacional do MST, um grande erro foi passar 2018 organizando a militância. "Temos de organizar o povo, ir ao povão", afirmou ao participar do Congresso da UNE

Rovena Rosa/ABR
Rovena Rosa/ABR

São Paulo – “Vivemos na bolha da vanguarda que é nossa militância e por isso estamos sendo derrotados, como ontem, na votação da ‘reforma’ da Previdência. Outro erro foi ter passado o ano passado organizando a militância. Temos de organizar o povo para defender o Brasil“. A afirmação foi feita pelo coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), João Pedro Stédile, na tarde de hoje (11), segundo dia do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília.

A revelação de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, entre outros, comandada pelo site Intercept Brasil, é o que faltava para a militância ganhar a adesão das massas à campanha #LulaLivre e também para a resistência, nas ruas, contra os ataques aos direitos e à soberania, com a venda do pré-sal, de empresas e de terras para estrangeiros – em estudo. ”

Com as revelações de Glenn, podemos dizer que  Lula é inocente, que está preso pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que é chefe de Moro. Temos de chegar no povão. Se o povão não for pra rua, Lula não será liberto. O que estamos fazendo para chegar ao povão e dizer que o que está em jogo é mais que a Petrobras, que as estatais? O que está em jogo é o Brasil como nação. A nação, da qual o povo faz parte, corre risco”.

Stédile lembrou que durante os 30 anos de luta contra a ditadura no Brasil (1964-1985), a esquerda considerou o nacionalismo, especialmente dos militares da época, como uma vertente ideológica da direita. “Começamos então a ver que o nacionalismo não era coisa de milico. E os milicos de hoje abandonaram o nacionalismo a adotaram a doutrina de que só os Estados Unidos podem proteger o Brasil”, disse.

Como exemplo, ele citou  o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, subordinado a um presidente que “lambe as botas de Donald Trump e bate continência para a bandeira dos Estados Unidos”.