VAZA JATO

PF afirma ter prendido suspeitos de serem os hackers dos celulares de Moro e Dallagnol

As prisões foram realizadas por meio de operação com mandados em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto

José Curz / ABR
José Curz / ABR
Dallagnol e Moro: vazamentos não deixam dúvida de que houve conluio e seletividade para prejudicar o ex-presidente Lula

São Paulo – A Polícia Federal informou que prendeu nesta terça-feira (23) quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Os mandados de prisão foram expedidos no âmbito da “Operação Spoofin”, nome que faz referência a falsificações tecnológicas para enganar redes de computadores.

Essas prisões ocorrem depois de vazamentos de diálogos entre Moro e Dallagnol, e também entre outros procuradores da operação Lava Jato, que vêm sendo divulgados pelo site The Intercept desde 9 de junho. Os vazamentos não deixam dúvidas de que houve conluio entre Moro, Dallagnol e outros procuradores, para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político na sede da PF em Curitiba.

O jornal O Estado de S. Paulo informou que a PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto (as duas últimas no interior paulista), com ação determinada pela 10ª Vara Federal de Brasília. O jornal também classifica o relacionamento entre Moro e os procuradores para conduzir as investigações como “suposto conluio”, e que Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens a eles atribuídas. Mas até agora, por conta das forte evidências nos vazamentos do Intercept, pouco se falou em “suposições”, sendo que a autenticidade tem sido confirmada em diversos aspectos.

Também nesta terça, a coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, traz o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso confirmando que teve de fato um jantar em que participaram Moro e Dallagnol, em 2016, conforme um dos diálogos revelados pelo Intercept. A autenticidade dos vazamentos foi objeto de matéria veiculada pelo próprio site, na segunda-feira da semana passada, dia 15: “Tanto a força-tarefa quanto o ministro Moro responderam negando qualquer impropriedade, mas não contestaram – e implicitamente confirmaram – a veracidade do material publicado. Eles dizem “não reconhecer a autenticidade”, o que é diferente de dizer que os chats são falsos. Eles jamais apontaram uma frase sequer que teria sido, segundo eles, inventada ou adulterada”.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a investigação da PF que levou às prisões de hoje “ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil”. Segundo o jornal, a polícia identificou os suspeitos “por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones”.

Outra questão que voltou à tona nesta terça é quanto às supostas investigações da PF contra o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept. Segundo a agência de notícias Estadão Conteúdo, o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça que não há inquérito instaurado para apurar a conduta do jornalista. “Se a PF diz ao STF q NÃO existe investigação contra Glenn Greenwald @ggreenwald, pq @o_antagonista disse q a PF “pediu ao Coaf relatório das atividades financeiras” dele? A informação era verdadeira? Se era, a PF fez isso sem procedimento formal? Ou a notícia não era verdadeira?”, postou a jornalista Monica Bergamo em sua conta no Twitter, fazendo referência ao site O Antagonista, de direita, que divulgou a suposta ação da PF contra o jornalista.

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