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Para peronista Alberto Fernández, prisão de Lula é simbólica para toda a América do Sul

Candidato à presidência argentina na chapa com Cristina Kirchner visita líder brasileiro e afirma ter preocupação com acordo firmado entre Mercosul e União Europeia

Joka Madruga
Joka Madruga
Ao lado do ex-chanceler Celso Amorim, candidato peronista visitou Lula em Curitiba: "Ele tem todo direito de estar em liberdade"

São Paulo – Na companhia do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, o candidato peronista à presidência argentina, Alberto Fernández, que forma chapa com a ex-presidenta Cristina Kirchner, visitou o ex-chefe de Estado brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na prisão em Curitiba. “Lula é importante para os argentinos, que têm enorme reconhecimento e carinho pelo ex-presidente”, declarou, ao sair.

“Sou professor de Direito na Universidade de Buenos Aires há 35 anos e vejo com muita preocupação a prisão de Lula. Na verdade, estar ao lado de Lula é necessário até que se entenda que é necessário respeitar os direitos também de Lula”, disse Fernández. “É um homem cuja inocência é clara e tem todo direito de estar em liberdade.”

Ele acrescentou que a detenção de Lula é simbólica para toda a América do Sul. Segundo Amorim, Lula disse ao peronista que “sua primeira tarefa é ganhar a eleição” contra o atual presidente, Mauricio Macri.

Fernández comentou o recém-fechado acordo entre União Europeia e Mercosul e disse não conhecer o tratado em detalhes. Porém, destacou que tem enorme preocupação, porque ele traz riscos de desindustrialização dos países, que vão exportar matérias-primas em troca de bens manufaturados europeus.

“Não discordamos de um acordo de integração com a União Europeia. Mas a impressão que tenho é que foi um acordo anunciado precipitadamente para que Macri possa aparecer com esse trunfo em sua campanha”, afirmou o argentino. “A França está rechaçando. Se a segunda economia da Europa rechaça, em que consiste esse acordo? O que mais preocupa é que condena a Argentina a uma desindustrialização muito grande.”

Sobre como seria seu governo com o Brasil de Jair Bolsonaro, respondeu: “Não temos nenhuma possibilidade a não ser estar bem com o Brasil. Se o Brasil elegeu um presidente, respeitamos a decisão do povo brasileiro. Com o povo brasileiro, só podemos estar bem. Não podemos ter outra possibilidade a não ser estar unidos”.

Sobre o porquê de ter-se unido com Cristina Kirchner (com a qual teve divergências nos últimos anos) para a eleição de outubro, disse que a união se dá para evitar nova vitória de Macri. “Divididos, permitimos que Macri fosse eleito. E agora nos unimos, não Cristina e eu, mas todo o peronismo e as forças progressistas da Argentina.”

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