Integração sul-americana

Ex-presidente Eduardo Duhalde é o quinto chefe de Estado a visitar Lula. ‘Meu único amigo fora da Argentina’

Ao lado de Emir Sader, presidente da Argentina que antecedeu Néstor Kirchner lembrou origem semelhante à de Lula. "Primeiro presidente vindo de movimento trabalhista"

Joka Madruga
Joka Madruga
Duhalde: 'Sempre lutaremos juntos e sempre estarei ao lado do meu amigo'

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu hoje (18) a visita do também ex-chefe de Estado Eduardo Duhalde, da Argentina. Os líderes trabalharam juntos durante o primeiro mandato do brasileiro (2003-2006), período em que o argentino exerceu cargo correlato (2002-2003). “Fui o primeiro presidente argentino vindo de um movimento trabalhista”, lembrou de sua origem semelhante a de Lula.

Duhalde foi o terceiro presidente a tentar governar o país falido depois da temporada de Carlos Menem. Sucedeu Fernando de La Rúa, que renunciou e passou o bastão para Adolfo Rodríguez Saá, também desistente depois de sete dias de mandato. Duhalde assumiu em janeiro de 2002 e levou mandato até maio de 2003, quando passou a faixa a Néstor Kirchner, escolhido por ele para derrotar Menem em nova tentativa de comandar a Casa Rosada.

O ex-chefe de Estado argentino estava emocionado com a visita. Aos 77 anos, afirmou que Lula é seu “único amigo fora da Argentina“. “Trabalhamos juntos durante anos pela integração sul-americana. Hoje foi um dia muito importante para mim. Eu e Lula trabalhamos para construir a comunidade dos 10 países sul-americanos”, completou.

Duhalde disse que voltará ao Brasil quando Lula for libertado. “Sempre lutaremos juntos e sempre estarei ao lado do meu amigo. Estarei aqui no dia em que ele sair. Ele sairá como homem íntegro, sem negociar sua liberdade. Dignidade não se negocia. Essa é a posição do meu querido amigo Lula.”

Ele foi o quinto chefe de Estado a visitar Lula neste período em que está encarcerado, desde 7 de abril de 2018. Já estiveram com o ex-presidente Pepe Mujica (Uruguai), Ernesto Samper (Colômbia), Massimo D’Alema (Itália) e Dilma Rousseff. Lula também deve receber nas próximas semanas o ex-primeiro-ministro da Espanha José Zapatero.

Brutalidade

O sociólogo e colunista da Rádio Brasil Atual Emir Sader acompanhou a visita a Lula. O encontro foi classificado por ele como “emocionante e absurdo”. “Quem deveria estar presidindo o país está preso e quem deveria estar preso está presidindo. O Brasil está de cabeça para baixo”, disse.

Sader afirmou que Lula está “mais maduro, mais reflexivo e tirando lições de todas as experiências”. Já sobre as preocupações do ex-presidente, Sader reafirmou que a condução do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), é motivo de lástima. Entretanto, um fator adicional neste contexto: “Lula está preocupado com a necessidade de uma resposta mais rotunda, mais massiva e sistemática do movimento popular”.

O sociólogo argumentou que o governo “dá todos os dias razões para nos mobilizarmos. É um governo cada vez mais indigno (…) É um convite para a mobilização popular”.

Por fim, Sader disse que sua vontade é de “pegar Lula pelo braço” e tirá-lo de lá. “O lugar dele é com vocês da Vigília, ao lado do povo e não cercado de chacais (…) É uma brutalidade deixar o Lula preso. O alento é que novos fatores políticos e jurídicos, como a exposição da farsa da Vaza Jato, estão “criando possibilidades para que ele possa sair”, completou.

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