Repúdio

ABI aponta ‘abuso de poder’ de Moro. Para OAB, ele atua como ‘chefe de quadrilha’

Associação vê tentativa de intimidação e anuncia que defenderá Glenn Greenwald na Justiça, se necessário. Presidente da OAB reprova postura do ministro

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Portaria editada por Moro é vista como tentativa de intimidar jornalista responsável por revelações que comprometem ministro

São Paulo – A edição de uma portaria (que ganhou o sugestivo número 666) pelo Ministério da Justiça provocou reações negativas em diversos setores, que identificam uma possível tentativa de retaliação de Sergio Moro contra o jornalista Glenn Greenwald, por causa das revelações que vêm sendo divulgadas pelo site The Intercept Brasil, em parceria com outros veículos. Entre as manifestações públicas, estão as da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“A ABI considera inconstitucional e um abuso de poder a edição de medidas governamentais direcionadas a intimidar quem quer que seja, principalmente, na conjuntura atual, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, radicado no Brasil há 13 anos e diretor da publicação (Intercept)”, diz, em nota, o presidente da entidade, Paulo Jerônimo, que fala em tentativa de intimidação. A associação cita trecho da portaria que menciona deportação sumária de “pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.

Na nota, a ABI diz que ainda que está acompanhando o caso “e tomará medidas, no campo judicial, caso a portaria seja usada para atingir Greenwald, em mais um caso de arbítrio e de atentado à liberdade de imprensa”.

Aniquila a independência da PF

Já o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, afirma que Moro “usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”, segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. Ele lembrou que a Ordem chegou a recomendar o afastamento de Moro assim que começou a divulgação de mensagens dele com procuradores da Operação Lava Jato.

“Muitos disseram que a OAB foi açodada quando sugeriu o afastamento do ministro, exata e exclusivamente para a preservação das investigações”, observou Santa Cruz.

Na manhã desta sexta-feira (26), Greenwald postou em rede social: “Hoje Sergio Moro decidiu publicar aleatoriamente uma lei sobre como os estrangeiros podem ser sumariamente deportados ou expulsos do Brasil ‘que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal’. Isso é terrorismo”.

Mais tarde, o jornalista questionou: “Como é possível que Sergio Moro, como ministro da Justiça, esteja comandando uma investigação da Polícia Federal (e vazando constantemente) quando o próprio Moro é parte direta da investigação, já que a reportagem é sobre ele? O conflito de interesses é enorme e óbvio”.

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