Vazamentos

Para oposição, enfrentamento a escândalo de gravações transcende interesses partidários

Em entrevista coletiva nesta tarde, lideranças no Congresso anunciaram uma reunião na manhã desta terça-feira para definir estratégias de medidas legislativas e judiciais

Reprodução
Reprodução
Paulo Pimenta e Jandira Feghali anunciam reunião nesta terça para debater crise

São Paulo – Em entrevista coletiva à tarde, lideranças da oposição no Congresso anunciaram uma reunião na manhã desta terça-feira (11), entre presidentes de partidos e líderes no Congresso para definir estratégias de medidas legislativas e judiciais que serão adotadas sobre as conversas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando era juiz, e o procurador Deltan Dallagnol, reveladas pelo Intercept Brasil.

“Na medida que Moro é um dos principais envolvidos nas denúncias, não é possível que esteja a frente do Ministério da Justiça. A investigação tem que ser conduzida pela Polícia Federal e é muito provável que delegados que estavam na Lava Jato estejam em cargos estratégicos no ministério e na PF e também tenham que ser afastados”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Segundo ele, há jurisprudência no Supremo Tribunal Federal que reforça essa tese. “Queremos o afastamento do juiz Sergio Moro”, disse.

De acordo com o parlamentar, a situação não  é um tema apenas da esquerda. “Transcende as questões de natureza partidária. A instituição Parlamento precisa se insurgir contra esse ataque à democracia, ao Estado democrático de direito.” O deputado disse que a oposição tentaria conversar sobre a situação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes de todos os partidos.

A oposição propõe que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determine abertura de procedimento de investigação administrativa e disciplinar e que, de maneira cautelar, determine o afastamento de Deltan Dallagnol e dos procuradores “envolvidos neste crime”. Pimenta disse que foi solicitado à procuradora-geral  que sejam recolhidos os telefones funcionais, laptops e computadores, “instrumentos de trabalho públicos, para que provas não sejam destruídas e tenhamos garantia da plena investigação”.

A oposição anunciou que entrou “em obstrução total para que nenhuma matéria possa tramitar até que medidas de natureza administrativa, cautelares, sejam adotadas tanto em relação ao Moro quanto aos procuradores, e para propor que nossa decisão seja estendida à Casa como um todo”.

Os deputados Ivan Valente (Psol-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) reafirmaram que o tema ultrapassa os interesses da oposição. “Vamos procurar lideranças políticas, o presidente da Câmara”, disse a comunista. “Não se espantem se aparecerem coisas que violem a soberania nacional. Há preocupação de que haja articulação com outros governos.”

“Não é um problema de oposição e situação, é um  problema da democracia brasileira”, afirmou Valente. Para ele, Moro deve deixar o cargo. “Ou sai ou tem que prestar contas ao Legislativo.”