REAÇÃO

Oposição quer CPI para apurar ilegalidades cometidas por Moro e Dallagnol

Em entrevista à "Rádio Brasil Atual", deputado Ivan Valente (Psol-SP) diz que juiz e procurador atentaram contra Estado democrático de direito

Fred Amorim / Agência Câmara
Fred Amorim / Agência Câmara
Valente: 'São gravíssimos esses acontecimentos. O juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol e a equipe praticaram diversas violações ao estado democrático de direito'

São Paulo – Líderes dos partidos de oposição na Câmara dos Deputados realizaram hoje (11) reunião para definir ações diante do vazamento das conversas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro e a equipe de procuradores da Lava Jato, divulgadas pelo site The Intercept no domingo (9). O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) falou sobre o caso para a edição desta tarde do Jornal Brasil Atual, na Rádio Brasil Atual.

O parlamentar explicou que o requerimento de CPI será assinado pelo PDT, PSB e Psol. Em seguida, vão iniciar a coleta de assinaturas necessárias para a instalação. Os deputados também entraram no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o Dallagnol e outros partidos também estão tomando iniciativas nesse sentido, como o registro de uma notícia crime no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o comportamento desses agentes públicos. Ontem também foi anunciada uma obstrução coletiva dos partidos de oposição diante da pauta de tramitações da Câmara.

“São gravíssimos esses acontecimentos. O juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol e a equipe praticaram diversas violações ao estado democrático de direito. Um juiz que comanda uma operação deveria ser alguém imparcial. Ele tem de manter o seu lugar não como investigador ou como agente político ou partidário, mas como alguém que ouve as partes, a defesa e a acusação”, disse Valente.

“Mas o que nós vimos foi essa violação de uma maneira ostensiva, com o Moro comandando junto com o Dallagnol as diversas questões que aparecerem e ainda é muito pouco do que está para aparecer (o Intercept deve divulgar novas informações sobre o caso), em que há um jogo combinado para violar os princípios constitucionais da magistratura. Ele (Moro) articula a operação Lava Janto junto com o Deltan Dallagnol não em uma consulta entre promotor e juiz, mas sim em uma articulação com objetivos claros. Ali existe uma espécie de um partido político, um projeto de poder”, afirmou o deputado, referindo-se ao processo de acusação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o levou à prisão em 7 de abril de 2018.

O deputado citou o caso do vazamento da ligação telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, em 16 de março de 2016, quando Lula seria nomeado para o comando da Casa Civil. “Ficou claro, explicitamente, que foi articulado, planejado e criminosamente executado. Na época, inclusive, o ministro Teori Zavascki deu um puxão de orelha apenas (no Moro), mas era para retirá-lo da investigação”.

“Isso tudo mostra que eles provaram do próprio veneno, porque eles fizeram muito vazamento, grampeamento, muita ilegalidade”, diz Valente.

Segundo Valente, ante o impacto grande dos vazamentos, os setores de oposição na Câmara estão investidos da ideia de propor uma CPI para investigar essa violação do estado democrático de direito. Ele destaca também que Moro deverá depor na Câmara dos Deputados. Os partidos querem ainda o afastamento imediato de Sergio Moro da função de Ministro da Justiça, e também o afastamento de Deltan Dallagnol e demais procuradores envolvidos na operação Lava Jato.

Em última instância, defendeu o deputado, o que está em jogo é a democracia brasileira. “Não é à toa que a OAB fechou questão pelo afastamento e pela restauração da verdade”, disse.

Ouça a íntegra da entrevista