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Novas revelações do ‘The Intercept’ sobre Moro: ‘Tem alguma coisa mesmo séria do FHC?’

Lava Jato fingiu investigar FHC para criar percepção de ‘imparcialidade’, mas Moro repreendeu: ‘Melindra alguém cujo apoio é importante’

Renato Araujo/ABr
Renato Araujo/ABr
Diálogo de Moro com Dallagnol ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem a respeito de suspeitas contra o tucano

São Paulo – Novas revelações do The Intercept mostram nesta terça-feira (18) trecho do chat privado entre Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol que revela que o ex-juiz discordou de investigações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Operação Lava Jato porque, nas palavras dele, não queria “melindrar alguém cujo apoio é importante”. Segundo o Intercept, o diálogo ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois de o Jornal Nacional ter veiculado reportagem a respeito de suspeitas contra o tucano.

Naquele dia, Moro chamou Dallagnol em um chat privado no Telegram para falar sobre o assunto. O juiz dos processos da Lava Jato em Curitiba queria saber se as suspeitas contra o ex-presidente eram “sérias”.

O procurador respondeu acreditar que a força-tarefa – por meio de seu braço em Brasília – propositalmente não considerou a prescrição do caso de FHC e o enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo, segundo ele, “talvez para [o MPF] passar recado de imparcialidade”. À época, a Lava Jato vinha sofrendo uma série de ataques, sobretudo de petistas e outros grupos de esquerda, que a acusavam de ser seletiva e de poupar políticos do PSDB. As discussões haviam sido inflamadas meses antes, quando o então juiz Moro aparecera sorrindo em um evento público ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, apesar das acusações pendentes de corrupção contra ambos.

FHC foi citado na Lava Jato pelo menos nove vezes (1, 2, 3, 4 e 5, 6, 7, 8 e 9). Caso fossem investigados e comprovados, nem todos os possíveis crimes cometidos pelo ex-presidente estariam prescritos.

Naquele dia, antes de responder a Moro, Dallagnol encaminhou a dúvida do juiz para um chat em grupo chamado Conexão Bsb-CWB, no qual estavam procuradores das duas cidades. Foi de Brasília, onde o caso tramitava, que ele recebeu a resposta de que a documentação foi encaminhada a São Paulo sem a análise sobre a prescrição.

  • Com informações do The Intercept
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