Suspeição

Moro atuou como ‘coordenador da acusação’, diz defesa de Lula

Advogados visitaram o ex-presidnete na manhã desta terça-feira (11). Segundo Cristiano Zanin, o então juiz "proferiu um veredito sobre uma acusação que ele próprio ajudou a construir"

Eduardo Matysiak
Eduardo Matysiak
Batochio e Zanin: revelações reforçam tese de suspeição de Moro

São Paulo – Os advogados Cristiano Zanin Martins e José Roberto Batochio visitaram na manhã desta terça-feira (11) o ex-presidente Lula na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Na saída, Zanin e Batochio falaram à imprensa sobre os diálogos revelados pelo The Intercept Brasil entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, quando era juiz, e o procurador Deltan Dallagnol, além de outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato.

“São fatos que nós vamos utilizar para reforçar a nulidade do processo e a inocência do presidente Lula”, disse Zanin. “Há estudos sendo feitos e oportunamente apresentaremos isso isso à Justiça por meio de petições.”

“Temos a possibilidade, com esse material, de levar fatos novos ao Judiciário para reforçar aquilo que sempre dissemos: a falta de imparcialidade, de um julgamento independente, de um tratamento igual a acusação e defesa. São fatos que já havíamos feito a prova diante dos tribunais. Esperarmos que esses fatos novos possam efetivamente sensibilizar e mostrar o poder Judiciário que o ex-presidente Lula não teve direito a um julgamento justo, imparcial e independente”, afirmou o defensor. Para ele, Moro “atuou como coordenador da acusação e que depois proferiu um veredito sobre uma acusação que ele próprio ajudou a construir”.

José Roberto Batochio afirmou que foram duas surpresas para o ex-presidente em relação à divulgação das conversas feitas no aplicativo Telegram. “A primeira, quanto à rapidez com que a verdade veio à tona com esses diálogos captados e levados à publicação pela imprensa. Em segundo lugar, o elevadíssimo grau de promiscuidade entre quem julga e quem acusa no mesmo processo, a desnaturar o princípio constitucional da imparcialidade do juiz.”

Em um evento em Manaus, Moro afirmou não ver nenhum problema no conteúdo divulgado. “Juízes conversam com procuradores, juízes conversam com advogados, juízes conversam com policiais. Isso é algo normal”, disse, de acordo com o HuffPost Brasil.

“Me causa estranheza porque ele diz que sempre recebeu advogados e os tratou de maneira igual, mas eu, por exemplo, nunca fui recebido por ele”, apontou Batochio. “Sou um advogado com 52 anos de militância e quando o presidente Lula veio a Curitiba para ser interrogado, na antevéspera tivemos uma audiência e procurei o então juiz Sergio Moro em seu gabinete para tratarmos de questões logísticas e de segurança do acesso ao primeiro interrogatório. Ele mandou um recado através da diretora de secretaria que não me receberia e que eu dissesse o que tinha que dizer por escrito. Me causa surpresa ver que em relação aos acusadores o tratamento era muito diferente. Não só recebia como trocava altas considerações a respeito de como se acusar.”

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