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Moro cancela ida à Câmara e oposição deve votar convocação sobre vazamentos

Ministro da Justiça desmarcou convite para falar aos deputados nesta terça, devido a viagem aos Estados Unidos, onde também está o procurador Deltan Dallagnol

Isaac Amorim/MJSP
Isaac Amorim/MJSP
Convite desmarcado por Moro deve virar convocação, segundo deputados da oposição

São Paulo – O ministro da Justiça, Sergio Moro, cancelou sua ida à Comissão de Comissão e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, marcada para esta terça-feira (25), para dar explicações sobre o conteúdo das conversas revelado pelo The Intercept Brasil, que apontam conluio entre o então juiz e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Em visita aos Estados Unidos, Moro retorna ao Brasil apenas no dia na quarta-feira (27). Em nota à CCJ, o ministro apenas se limitou a comunicar o não comparecimento, sem propor nova data para a audiência.

Quem deve falar na Câmara nesta terça é o editor-chefe do Intercept, o jornalista Gleen Grennwald, para comentar sobre a série de irregularidades cometidas pela Lava Jato reveladas nas conversas vazadas que vem sendo divulgadas desde o dia 9. O cancelamento de Moro foi encarado como uma “fuga” por deputados da oposição ao governo Bolsonaro, que prometem votar a sua convocação nesta segunda-feira (24). “Moro foge da Câmara… que beleza!”, ironizou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), anunciando a sua convocação. “Ele terá de enfrentar o debate e os questionamentos na casa do povo.”

Fugiu?! O que teme Moro?”, criticou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional da legenda. Ela lembrou que o convite a Moro já havia sido costurado como forma de evitar que ele fosse convocado a prestar esclarecimentos. “Agora voltará a ser convocação. Moro tem muitas explicações a dar ao Brasil.” O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) confirmou que todos os partidos de oposição devem propor a convocação do ministro. 

Coincidências

Também nos Estados Unidos, Dallagnol afirmou estar “absolutamente tranquilo” a respeito do conteúdo das conversas divulgadas, em evento realizado na organização liberal Acton Institute. Mais uma vez, o procurador criminalizou os vazamentos, e, assim como Moro, disse não poder confirmar a veracidade dos diálogos publicados. Durante palestra, em Grand Rapids, no estado do Michigan, na última quinta-feira (20), ele confirmou que deletou as mensagens trocadas, o que pode configurar destruição de provas do conluio envolvendo Moro e os demais procuradores da Lava Jato. “Depois do ataque, nós saímos do aplicativo e apagamos tudo“.

A quase simultaneidade das viagens dos protagonistas dos vazamentos, Moro e Dallagnol, aos Estados Unidos, também foi alvo de críticas. “Que baita coincidência Moro e Dallagnol ao mesmo tempo nos Estados Unidos num momento em que eles não podem se encontrar no Brasil…”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do partido na Câmara.

A CCJ do Senado também convidou Dallagnol a prestar esclarecimentos. O requerimento foi aprovado na última terça-feira (18),  mas ainda sem data marcada para a audiência. Na quarta-feira (19), foi a vez de Moro dar explicações aos senadores, quando também criminalizou os vazamentos, negou a veracidade dos conteúdos e classificou como “sensacionalismo” a divulgação do material.

 

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