Parcialidade

Globo tem medo de ser a próxima ‘vítima’ da ‘Vaza Jato’ e desqualifica provas contra Moro

Avaliação é da secretária-geral do Barão de Itararé, Renata Mielli, sobre o que chama de "cobertura desigual" em denúncias contra membros da Lava Jato

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Desde a divulgação das conversas, a mídia tradicional tem procurado questionar legalidade das provas mais do que conteúdo das conversas

São Paulo – Para a secretária geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli, a mídia tradicional tem feito uma “cobertura desigual” a respeito das conversas que evidenciam um conluio entre o então juiz Sergio Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. Integrante da direção executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Renata avalia que, principalmente a Rede Globo, tem procurado questionar a legalidade das provas apresentadas pelo site The Intercept Brasil, ao invés de investigar as denúncias, por ter “medo de ser a próxima vítima”.

“Eles precisam desesperadamente desqualificar esse conteúdo, a forma como foi conseguido. Essa é a tentativa da Globo, desqualificar e tentar, não sei se manter o mito Sergio Moro, ou um possível vazamento envolvendo a empresa”, afirma a secretária geral aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

De acordo com Renata, não é uma novidade que os veículos da mídia privada adotem a posição da classe política, “eles têm agenda em comum e isso se reflete na cobertura deles”, observa, mas, desde a divulgação das conversas no domingo (9), a Globo tem, mais do que outros jornais, buscado fontes para sustentar a narrativa de que as provas seriam ilegais, fruto de vazamento de hackers, ou ainda, que as conversas foram adulteradas. Neste domingo (16), o programa da emissora Fantástico veiculou uma reportagem sobre a segurança do serviço de mensagens Telegram a despeito do conteúdo das conversas entre o ex-juiz e o procurador, contribuindo para que a população fique à parte do debate.

“Era aí que era necessário ter se realizado uma regulação democrática da mídia, com parâmetros republicanos de concessão das outorgas de rádio e televisão, para que grupos pudessem ocupar esses espaços a partir de uma visão pela diversidade, pluralidade. As pessoas precisam entender que ter quatro ou cinco emissoras de televisão não é um ambiente democrático, porque elas dizem a mesma coisa”, defende a secretária geral sobre o mecanismo para regulamentação da mídia, usado em vários países para impedir o monopólio da informação.

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