clamor das ruas

‘Festival Lula Livre refletiu indignação popular sobre prisão política’

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, cientista político Carlos Eduardo Martins avalia que governo Bolsonaro deve levar o país para um "colapso social e econômico"

Ricardo Stukert
Ricardo Stukert
Aos 80 mil presentes no festival, Lula enviou uma carta: ‘Esse ato é na verdade um grito de liberdade que estava preso em nossas gargantas. Mais que um grito, um canto de liberdade’

São Paulo – Carlos Eduardo Martins, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirma que a grande mobilização registrada  no domingo (2), durante o Festival Lula Livre,  em São Paulo, refletiu a percepção cada vez mais crescente da população de que o ex-presidente foi alvo de uma prisão arbitrária, com fins políticos e eleitorais. O evento musical e ato político reuniu cerca 80 mil pessoas, que acompanharam cerca de 30 apresentações diferentes, neste domingo (2), na Praça da República,região central da capital paulista.

“O Lula é uma figura importante. Essa eleição de 2018 foi maculada com o impedimento de sua candidatura. Certamente essa eleição seria diferente, com a participação de Lula, que está preso sem provas efetivas. Ele é um preso político e isso fica mais claro a cada dia”, disse Carlos Eduardo, entrevistado na manhã de hoje (3) pelos jornalistas Marilú Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, que ainda enalteceu a coragem dos artistas ao se manifestarem, em meio aos ataques do governo Bolsonaro.

Colapso social

Martins também comentou a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), publicada neste fim de semana pelo jornal Estado de S.Paulo, que, em cinco meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro sofre com a redução de expectativas positivas e o país caminha para um “colapso social”. Para o cientista político, o deputado federal tem razão, pois Bolsonaro caminha para um caos social e econômico.

“A situação da econômica é tenebrosa, com um primeiro trimestre negativo. Não há perspectiva de sair dessa situação. A Emenda Constitucional 95 inviabiliza qualquer possibilidade de sairmos dessa situação, sem a participação do Estado na economia”, disse Eduardo.

O professor lembra que o governo federal está perdido, apesar de tentar costurar acordos com os três Poderes. Um dos exemplos é a falta de força para a aprovar a “reforma” da Previdência. “Já foram apresentadas 272 emendas, ou seja, o Congresso tem cautela sobre essa proposta. Já se sabe, pelos cálculos do governo, que o custo do regime de transição é R$ 985 bilhões, ou seja, é quase a economia que o governo almejava. É uma proposta antissocial e só quer capitalizar os bancos”, criticou.

Ouça a entrevista à Rádio Brasil Atual

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