enfraquecimento

Manifestações de 26 de maio mostraram que Bolsonaro perdeu capacidade de mobilização

Para o cientista político Wagner Romão, atos em defesa do governo foram comparáveis apenas com mobilizações da direita durante o período eleitoral

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Manifestações selam o casamento bolsonarista com a ideologia da Operação Lava Jato e um distanciamento com a agenda econômica

São Paulo – As manifestações a favor do governo Jair Bolsonaro, neste domingo (26),  demonstram que o presidente perdeu capacidade de mobilização. Essa avaliação é do cientista político e professor do departamento de Ciência Política da (Unicamp), Wagner Romão, que não classifica os atos de ontem como um contraponto aos protestos do último dia 15, em defesa da educação, mas uma extensão das eleições de 2018.

“Eu compararia o dia de ontem com as manifestações do período da eleição, quando o Bolsonaro se colocava como alternativa ao PT. A gente viu que diminuiu a capacidade de mobilização dele. Muito dos grupos que apoiaram ele, ano passado, não participaram dessas manifestações, o que impacta na mobilização. O campo educacional tem sido muito criticado, de maneira indevida, pelo governo Bolsonaro. Dia 15 foi a explosão desses sentimentos“, explicou Romão aos jornalistas Marilú Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.

Segundo balanço do Portal G1 às 17h de ontem, os atos em favor de Bolsonaro somaram 122 cidades de 21 estados, mais o Distrito Federal. No dia 15, com medição também às 17h, os protestos alcançaram 162 cidades dos 26 estados do país, mais o Distrito Federal, sendo que o dia terminou com atos em 222 cidades. “A manifestação em defesa da educação teve a capilaridade grande, por conta da expansão do ensino superior, nos últimos dez anos. Isso explica a dimensão pela defesa da educação”, acrescenta o cientista político.

Para o professor, com bandeiras de apoio ao ministro da Justiça Sérgio Moro, as manifestações selam o casamento bolsonarista com a ideologia da Operação Lava Jato e um distanciamento com a agenda econômica. “A luta contra a corrupção e o papel do Moro como esse ‘justiceiro’, isso tudo alimenta a base de apoio fiel ao Bolsonaro e antipetista. Por algum tempo veremos essa base funcionando e indo às ruas. A insatisfação contra o desemprego, o não crescimento econômico, são sentimentos que vão demorar para eles incorporarem e desestabilizar o governo”, afirmou.

Acompanha a entrevista na íntegra

Leia também

Últimas notícias