NA CARA DURA

Deputada acusa ministro da Educação de fazer barganha com emendas

Rosa Neide (PT-MT) acusou Abraham Weintraub de usar emendas para pressionar parlamentares a votarem a favor da reforma da Previdência

Marcelo Camargo/ABr / Governo MT
Marcelo Camargo/ABr / Governo MT
"Nenhum parlamentar precisa de emenda para decidir o seu voto. Emenda é direito de parlamentar. Emenda não é para fazer barganha", disse Rosa Neide

São Paulo – A deputada Rosa Neide (PT-MT) denunciou hoje (30) o ministro da Educação, Abraham Weintraub, de usar emendas parlamentares para fazer barganha e pressionar senadores e deputados a votar a favor do projeto do governo Jair Bolsonaro (PSL) de “reforma” da Previdência. A denúncia foi feita durante sua fala na comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, que em audiência na manhã de hoje discutiu o tema da “desconstitucionalização das regras previdenciárias”.

“Eu fui testemunha ocular, não li na Folha, no O Globo, não li na Veja, não vi na televisão, não foi fake news. Eu estava ontem às 9h da manhã acompanhando os reitores das universidades públicas do estado do Mato Grosso, meu estado, juntamente com parte da bancada, senadores e deputados no Ministério da Educação para discutir o chamado contingenciamento da Educação”, disse a parlamentar.

“E aí, senhores e senhoras, o ministro, que estava sentado a 20 centímetros de mim, ao meu lado, virou para os presentes e disse que o país está falido, não tem dinheiro para nada, mas que ele ia fazer o encaminhamento. E no encaminhamento que ele fez, disse: ‘As emendas extras que serão pagas aos parlamentares, deputados, R$ 10 milhões e senadores, R$ 15 milhões, aqueles que votarem em favor da reforma da Previdência, pode ser direcionado para resolver o problema das universidades e dos institutos’”, complementou a deputada.

“Naquele momento eu reagi, ele foi grosseiro, falou que lá era o MEC, que aquilo lá não era o plenário da Câmara, me pronunciei, ele disse que eu estava interrompendo e perguntou se eu queria a palavra. Disse que queria, me ofertou a palavra, eu disse que ele estava falando alguma coisa não republicana, para haver um diálogo com ele, sobre o que é e o que não é republicano, e imediatamente a reunião foi quase que encerrada”, afirmou.

E continuou: “Naquele momento, ele disse que o nosso coordenador encaminharia as prioridades das instituições a aí fico muito envergonhada e quero de público pedir desculpas ao reitor da universidade do estado que estava lá, uma vereadora presente, prefeito, pessoas que não são do convívio desse modelo de discussão. E aí o Ministério da Economia diz que o país está falido mas tem esses recursos para começar a convencer deputados e senadores para que votem uma reforma”, pontuou. “Nasci em uma família e olho para trás, para meus ancestrais, onde palavra, honradez e dignidade ainda têm valor. E quero morrer trazendo esse valor comigo. Coloquei duas filhas no mundo e por elas eu vivo. É meu exemplo que tem que arrastá-las para alguma coisa digna”, afirmou

A deputada também mostrou considerar que a proposta de Jair Bolsonaro só preza os interesses do capital.  “Nenhum parlamentar precisa de emenda para decidir o seu voto. Emenda é direito de parlamentar. Emenda não é para fazer barganha. Agora vamos esfarelar o orçamento, cada um pega um pedacinho para fazer como quiser? E o país vai criar empregos como? Vamos pagar os que já se aposentaram como?”, questionou.

“Foi assim na minha frente, não é ninguém que me falou não. O ministro falou olhando para mim. Que tem R$ 10 milhões para deputados, e ele dê para quem quiser, e não para mim, que sou mulher, cidadã, digna. Sou honrada, não aceito isso. E ele disse que tem 15 para os senadores. Li depois que é semestral, isso ele não disse. Se é semestral ele disse para outros. Lá na minha frente foi isso que foi dito.”

“Quero que essa comissão amplie essa discussão, nós não merecemos isso”, concluiu a deputada.