jogo político

Indicação de Moro ao STF repercute entre deputados: ‘Perde a dignidade e o respeito’

'Escancara a tramoia para tirar Lula da campanha e abrir caminho para sua chegada ao Planalto', diz deputado Ivan Valente (Psol-SP)

Marcos Corrêa/PR

Moro é defensor de projeto que proíbe a nomeação de ministros do governo ao Supremo Tribunal Federal

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesse domingo (12) que vai indicar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para a próxima vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). “A primeira vaga que tiver, eu tenho esse compromisso com o Moro e, se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso”, disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

A vaga pretendida por Moro abre só em novembro de 2020, com a aposentadoria do ministro decano Celso de Mello. A indicação dos integrantes é de competência do presidente da República, mas o nome deve passar por sabatina no Senado.

O anúncio de Bolsonaro foi criticado por figuras políticas, que novamente questionaram as intenções do ex-juiz ao prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – principal concorrente de Bolsonaro nas eleições de 2018.

O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) diz que Bolsonaro desmoralizou seu ministro. “Escancara a tramoia para tirar Lula da campanha e abrir caminho para sua chegada ao Planalto. Uma condenação encomendada numa troca cínica que mancha a Justiça e carimba a suspeição de Moro”, publicou nas redes sociais.

Já o Paulo Pimenta (PT-RS), também deputado federal, criticou o ministro com a hashtag #MoroVendido. “A mesma imprensa que tratou como escândalo a nomeação de Lula para o ministério da presidenta Dilma, hoje, trata de maneira protocolar a revelação do acordo Moro-Bolsonaro para indicar o ex-juiz ao STF”, lembrou ele.

Contradição de Moro

A promessa de Bolsonaro de indicar Moro ao Supremo contraria o pacote de “70 medidas contra a corrupção” apoiado pela força-tarefa da Lava-Jato e pelo próprio ministro da Justiça e Segurança Pública.

A 29ª regra do projeto proíbe a indicação ao STF de quem tenha, nos quatro anos anteriores, “ocupado mandato eletivo federal ou cargo de procurador-geral da República, advogado-geral da União ou ministro de Estado”. Portanto, o projeto que Moro defende o impediria de assumir a cadeira na Corte. 

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) afirma que Moro está cada vez mais com a moral e a ética arranhadas. “Fica no governo ou perde vaga no STF. Engole milícias, laranjal, ilegalidades dos decretos de armas, Queiroz, o silêncio sobre Marielle, ou perde a vaga no STF. Perde a dignidade e o respeito de forma definitiva”, disse no Twitter.

Leia também

Últimas notícias