15M em São Paulo

Na Paulista, 120 mil rejeitam cortes de Bolsonaro na Educação

Após anuncio de cortes de 30% nas verbas das universidades públicas, sociedade se mobiliza em grandes manifestações. Na Avenida Paulista, o #TsunamiDaEducação deu o recado: 'Não vamos deixar'

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Desde o início da tarde, a Avenida Paulista já estava tomada por manifestantes contra os cortes na educação

São Paulo – Estudantes, pais, professores e trabalhadores sensibilizados com a questão da Educação tomaram a Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde desta quarta-feira (15). Eles estão unidos contra os cortes no setor, promovidos pelo governo do presidente, Jair Bolsonaro (PSL). “Aqui está seu tsunami, Bolsonaro. Somos a união dos estudantes, professores e todos os brasileiros que querem o melhor do Brasil”, disse o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bomfim.

De acordo com a organização, mais de 120 mil pessoas ocupam totalmente as duas faixas da via, extrapolando os limites do Masp, onde a concentração começou por volta das 14h. O ato foi inflamado por declarações duras do próprio Bolsonaro e de integrantes do governo sobre os estudantes. Hoje (15), o presidente chamou os defensores da Educação de “idiotas úteis“.

Antes disso, o ministro da Educação, Abrahan Weintraub, disse que as universidades públicas “promovem balbúrdia”. Ele orientou o corte de 30% do orçamento das universidades públicas e institutos federais.

“Idiota é quem faz arminha com mão de criança, e acha que livro é menos importante que arma. A nossa historia está sendo construída pelo povo brasileiro e nada será aprovado por você sem que o povo concorde. Se você subestimava o poder dos jovens, o recado está dado”, disse a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias. “Esse mundo de gente é o #TsunamiDaEducação. A nossa onda é o futuro. O povo está na rua porque você não é dono do Brasil”, completou Marianna, com recado a Bolsonaro.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha (PT), a Bebel, também deixou seu recado, com crítica ao projeto de “reforma” da Previdência de Bolsonaro, que pretende privatizar o INSS e dificultar o acesso à aposentadoria: “A aula de cidadania que se dá aqui hoje não é pouca coisa. Essa luta contra os cortes é conjunta contra a reforma, porque sem aposentadoria também não há perspectiva para o movimento estudantil”.

O desdém de Bolsonaro em relação ao dia de luta em defesa da educação e contra os cortes foi lembrado pelo presidente da CUT, Vagner Freitas. “Bolsonaro, não ouse não acreditar na capacidade de luta da juventude brasileira, dos trabalhadores da educação e de outras categorias do Brasil”.

Freitas alfinetou novamente o presidente ao vincula-lo ao sistema financeiro. “Bolsonaro é fantoche dos bancos. Quem manda no Brasil são os bancos e eles que querem que Bolsonaro privatize a educação e a previdência pra vender como artigo nos bancos. Eles são nossos inimigos. E nós precisamos lutar porque queremos uma educação livre. Nós queremos os livros e não as armas”, disse, referindo-se ao decreto assinado por Bolsonaro que facilita o porte de armas para advogados, caminhoneiros, jornalistas da área de polícia e políticos eleitos, entre eles o presidente da República, senadores, deputados estaduais e federais, governadores e vereadores.

O recado ao governo foi dado também pela presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Nayara Souza: “Estamos aqui para mostrar que o povo não vai deixar cortar nossa educação. Estamos aqui para defender mais investimento e liberdade de expressão”.

Com reportagem de Felipe Mascari e redação de Gabriel Valery

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