Sessão na CCJ da Câmara é suspensa após protestos por deputado que estaria armado
Discussão era sobre admissibilidade da PEC da Previdência. 'Isso é inadmissível, isso não é bangue-bangue, não é videogame”, disse Erika Kokay. Sessão foi reiniciada com leitura do parecer do relator
Publicado 09/04/2019 - 19h50
Sessão tumultuada foi suspensa após líder do PSL ser flagrado armado na comissão que discutia Previdência
São Paulo – A sessão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara foi suspensa às 18h30 desta terça-feira (9), após parlamentares denunciarem que um deputado estava armado no plenário. Os trabalhos foram reiniciados pelo presidente do colegiado, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), dez minutos depois. O parlamentar supostamente armado, Delegado Waldir (PSL-GO), líder do PSL, negou estar com a arma, mas apenas com o suporte.
A reunião do colegiado foi iniciada às 14h42 para a leitura do parecer da reforma da Previdência (PEC 6/19) pelo relator, Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG).
“Isso é inadmissível, isso não é bangue-bangue, não é videogame”, protestou a deputada Erika Kokay (PT-RJ). No Twitter, a deputada Jandira Feghali (PCdoB) também comentou: “CCJ suspensa porque havia um parlamentar armado. Sinais dos tempos”. A sessão foi retomada após a confusão ser contornada, e a leitura do relatório foi finalmente iniciada.
“Isso é um perigo. Num debate acalorado ele poderia atirar nas pessoas. Senão, não precisava ter o revólver na comissão. Ele poderia deixar o seu revólver no gabinete. É um processo de intimidação. Por que eles querem uma reforma que só tira direitos?”, afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) no Facebook.
Durante a tarde, a sessão se arrastou sobre a retirada ou não da proposta da pauta e a manutenção da discussão sobre a PEC da Previdência venceu por 40 votos a 7. O texto do relator defende a constitucionalidade da proposta.
“Em três anos o povo brasileiro não vai esquecer os votos que serão dados aqui, antes das próximas eleições. Não é a venda de uma coisa qualquer. É a vida de pessoas, aposentados, senhoras que trabalharam a vida inteira, a vida de educadores e educadoras que estão na sala de aula com crianças e jovens. As pessoas precisam de coisas concretas, e uma das coisas concretas que elas têm na vida é a Previdência Social”, disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) protestou contra um tema complexo como a reforma ser discutido de “maneira açodada”. “Por que não discutir com o povo? Porque se for discutir, não vai passar”, disse. A parlamentar mencionou pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta segunda-feira segundo a qual 65% dos entrevistados desaprovam a reforma.
Mencionou também matéria do jornal Valor Econômico que ouviu analistas que preveem crescimento da economia pouco maior de que 1% este ano. “Não era só tirar a Dilma que tudo melhorava?”
A parlamentar disse que “a tragédia do Brasil está retratada” na entrevista do presidente Jair Bolsonaro à Jovem Pan, nesta segunda-feira (8). Ela classificou a fala o presidente de “descolada da realidade”. “Ele vai à rádio e diz que deve a eleição ao filho”, acrescentou. Bolsonaro comentou na entrevista que foi eleito graças a Carlos Bolsonaro, por seu trabalho nas redes sociais.
Em seu pronunciamento, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) reconheceu que é necessária alguma reforma do sistema, mas não a proposta pelo governo. “Vários pontos da Constituição foram feridos pela PEC. Na proposta, não está garantido aos mais pobres o acesso à Previdência. Precisamos de uma proposta que tenha bases constitucionais, e não que retire direitos dos mais necessitados.”