Só EUA? Não

Dino diz que uso de base de Alcântara precisa considerar população

Governador do Maranhão afirma que acordo não pode se restringir aos Estados Unidos. Ele e ministro se encontraram em São Luís em seminário sobre consequências de protocolo assinado pelo governo

Secr. Ciência Tecnologia MA

Seminário sobre Alcântara hoje, em São Luís: qualquer acordo precisa considerar impacto social e ambiental

São Paulo – O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não se mostra contrário ao polêmico acordo firmado pelo governo brasileiro sobre a base de lançamento de foguetes e satélites instalada no município de Alcântara, mas afirma que uma possível exploração comercial não pode se limitar aos Estados Unidos e a empresas norte-americanas. Além disso, acrescentou, é preciso observar os interesses da população local. “Nós consideramos que a base deva ser um vetor de desenvolvimento nacional e regional”, declarou, antes da abertura de seminário que está sendo realizado nesta segunda-feira (15), em São Luís, com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. 

“Mediante esse diálogo interfederativo, nós podemos encontrar os melhores termos para que esse investimento do povo brasileiro de décadas, de mais de 40 anos, possa produzir resultados positivos. Claro que sempre preocupados e com atenção à temática social e ambiental”, afirmou Dino. “A exploração comercial é necessária, é bem-vinda”, disse o governador, lembrando que, além dos Estados Unidos, “outros países, outras empresas privadas, podem ter interesse em Alcântara”.

Ontem (14), o vice-governador maranhense, Carlos Brandão, recebeu o ministro Marcos Pontes em visita a Alcântara e destacou a importância do projeto. “Mas é importante que, além das empresas que se estabeleçam aqui, a gente atenda as comunidades, não só as quilombolas como também as demais que aqui vivem”, afirmou.

“É um acordo que trata da viabilização comercial do centro, uma autorização dos Estados Unidos para que nós lancemos foguetes e satélites de quaisquer países que tenham componentes americanos, e em troca nós protegemos a tecnologia americana”, disse o ministro. “Primeiro, a gente precisa passar no Congresso. Uma vez passado, a gente terá aqui dentro os Planos Locais, que vão avaliar como o centro vai se integrar à comunidade, e, no futuro, vamos avaliar se há necessidade de expansão.”

Em 18 de março, o Brasil assinou nos Estados Unidos um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), para uso comercial de Alcântara. O acordo permite aos Estados Unidos e países lançarem satélites a partir do Centro Espacial localizado no Maranhão. Para ser implementado, é preciso aprovação do Congresso Nacional. Um primeiro acordo chegou a ser tentado no início dos anos 2000, mas não passou no parlamento. Em agosto de 2003, um acidente no centro de lançamento causou a morte de 21 pessoas. 

 

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