A história se repete

Ato em São Paulo relembra a primeira prisão política de Lula

Em abril de 1980, dirigente foi preso pela ditadura por comandar greves no ABC paulista. Em abril de 2019, o ex-presidente está novamente preso para sair de cena da vida política do Brasil

Juca Guimarães/Brasil de Fato

Para Djalma Bom, que esteve preso com Lula em 1980, é importante as pessoas tomarem conhecimento da história

São Paulo – No dia 19 de abril de 1980, o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (atual ABC), Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), junto com outros 10 dirigentes sindicais. As prisões, executadas pelo órgão de repressão da ditadura, tiveram como contexto uma paralisação por reajuste salarial. As grandes greves marcaram o final dos anos de 1980 no Brasil e, particularmente, no ABC paulista, berço do chamado novo sindicalismo. Quase 40 anos depois, Lula é novamente um preso político, dessa vez encarcerado em Curitiba.

Para lembrar os 39 anos da primeira prisão política do ex-presidente, manifestantes se reuniram no Memorial da Resistência, em São Paulo, na última sexta-feira (19). Entre eles estava o ex-dirigente do sindicato da categoria Djalma Bom, preso naquela ocasião junto com Lula. Para ele, que foi eleito deputado federal pelo PT em 1982, o ato colaborou para mostrar a farsa jurídica da atual prisão do ex-presidente.

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“Isso me traz uma recordação não muito boa. Aqui ficamos 31 dias presos. Foi neste local que o Lula recebeu a notícia do falecimento da sua mãe, e essa história se repete 39 anos depois com a morte do irmão mais velho do companheiro Lula. Foi na prisão em Curitiba que ele recebeu a notícia de que o irmão acabava de falecer, e recebeu também a notícia de que o neto acabava de falecer”, pondera Djalma Bom, em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.

“Neste momento, é importante que a gente ocupe esses espaços para registrar e para as pessoas tomarem conhecimento”, explica ele, destacando que poucas pessoas sabiam da primeira prisão de Lula em 1980.

Também presente ao ato, Lizi Salun, integrante do Comitê Lula Livre da Rua João Moura, bairro paulistano de Pinheiros, zona oeste, destaca que o atual momento retrata o que aconteceu há 39 anos. Para ela, tal como naquela época, a atual prisão de Lula é arbitrária e política.

“No presente, o grito ‘Lula livre’ tem que repercutir, mas a memória daqueles anos da ditadura é importante também e, ao mesmo tempo, reforça no presente que a prisão do Lula é política.  A história do Dops e da ditadura não é uma coisa que passou, ao contrário, ela é iminente”, afirma Lizi Salun.

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