Proposta de Paulo Guedes para Orçamento levará ao fim da educação e saúde públicas
Analista político do 'Seu Jornal', da TVT, comenta Desvinculação do Orçamento anunciada pelo ministro da Economia, que pretende acabar com investimentos mínimos da União previstos na Constituição
Publicado 12/03/2019 - 10h17
São Paulo – Não bastasse a proposta de reforma da Previdência, que vai dificultar – e até impossibilitar – o acesso da população às aposentadorias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou outra medida que promete alterar drasticamente o funcionamento do Estado brasileiro da forma como conhecemos hoje: ele pretende apresentar ao Senado uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para fazer a desvinculação do Orçamento da União.
A desvinculação total foi anunciada por Guedes em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no último domingo (10), chamada por ele de “PEC do pacto federativo”. Sem a vinculação obrigatória, os parlamentares decidiriam a cada ano a alocação dos recursos do Orçamento.
Atualmente, a Constituição Federal estabelece que os estados da federação devem investir no mínimo 12% do orçamento na área da saúde, enquanto os municípios devem investir 15%. Em educação, a vinculação orçamentária obriga que estados e municípios apliquem pelo menos 25% das receitas tributárias e repasses.
Já o governo federal, até 2017, era obrigado a aplicar 17% do Orçamento em educação. As regras mudaram a partir da aprovação da Emenda Constitucional 95 – conhecida como PEC do Teto, que congelou os gastos públicos por 20 anos. A partir de 2018, o governo federal investe em educação o mesmo valor gasto em 2017, corrigido apenas pela inflação do ano anterior, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
Para o comentarista político do Seu Jornal, da TVT, José Lopez Feijóo, na prática, essa proposta fere de morte o SUS e a educação pública. “Significa acabar com a obrigação de estados e municípios, e do próprio governo federal, de investir o mínimo constitucional nestas áreas.”
“Evidente que isso faz parte do plano de desestruturação do Estado brasileiro. Significa que o governo federal, através dessa proposta, quer destruir a educação e a saúde pública, lançando na mão da iniciativa privada definitivamente a prestação desses serviços. Isso não deu certo em nenhum país que se possa dizer desenvolvido”, diz o comentarista sobre a mais nova proposta destrutiva do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo Feijóo, os impactos acumulados da PEC do Teto e da reforma trabalhista, aprovadas durante o governo Temer, somados às consequências da reforma da Previdência e da desvinculação do Orçamento, propostas do novo governo, vão resultar no absoluto desamparo da população brasileira. “Teremos uma população com emprego precário, sem direito à previdência, sem acesso à saúde e educação. Esse é o Estado que está sendo preparado por Guedes e Bolsonaro.”
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