Gestão tucana

Paulo Preto é condenado por fraude no Rodoanel em São Paulo

Esquema foi denunciado por executivos de empreiteiras em 2017. Durante gestão do governador José Serra (PSDB), Preto definia construtoras vencedoras ainda antes de obras serem licitadas

Agência Senado

Paulo Preto deve cumprir sete anos da pena em regime fechado. Ele ainda é investigado em outros dois processos

São Paulo – Apontado como operador de propinas do PSDB paulista, o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi condenado a 27 anos e oito dias de prisão nessa quinta-feira (28) por fraude em licitação e formação de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel, em São Paulo.

De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Paulo Preto comandava esquema montado com as empreiteiras, entre 2007 e 2010, durante gestão do então governador José Serra (PSDB). 

Ele foi condenado pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, que baseou sua decisão em acordos de leniência das empreiteiras Odebrecht e Carioca e depoimentos de dois executivos da Queiroz Galvão. Eles relataram que as construtoras sabiam das obras que fariam, definidas por Preto, ainda antes das mesmas serem licitadas. “O mercado é um problema. Eu o administro. Eu tomo conta do mercado”, teria dito o ex-diretor da Dersa, durante uma dessas negociações. 

“Verifico que a prova dos autos demonstra com clareza a confluência de todas as elementares dos crimes narrados na exordial acusatória, não havendo dúvidas quanto à materialidade e autoria delitivas, restando bem patenteada a tipicidade da conduta do acusado Paulo Vieira de Souza”, diz a sentença da magistrada. Nessa ação, ele é réu com outras 32 pessoas que ainda aguardam julgamento, acusadas pelos mesmos crimes pelos quais responde o operador tucano.

Paulo Preto foi preso preventivamente no último dia 19, em São Paulo, alvo de uma ação da operação Lava Jato, suspeito de movimentar R$ 130 milhões em propina da Odebrecht em uma conta bancária na Suíça. Os procuradores de Curitiba ainda investigam a relação desse dinheiro com políticos do PSDB. O ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira seria um dos beneficiados. No mesmo dia em que Souza foi preso, Nunes, que ocupava a presidência da agência estadual Invest SP, entregou sua carta de demissão ao governador João Doria (PSDB). 

Paulo Preto ainda é réu em outra ação na Justiça paulista que investiga desvios de R$ 7,7 milhões da Dersa, quando ele era diretor. Esses valores desviados deveriam ter sido aplicados em obras de reassentamento de moradores de áreas atingidas pelas obras do Rodoanel.

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