Memória

Dilma: ‘Ignorância sobre a história não pacifica’

'Não há nada a comemorar nesse dia. Só rezar pelos mortos e manter a certeza que iremos resistir ao autoritarismo para construir uma nação sem ódios, sem mágoas e sem perseguições', diz ex-presidenta

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Dilma, durante depoimento em tribunal à época da ditadura civil-militar

São Paulo – Em mensagem enviada à coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, a ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que “não há nada a comemorar” em 31 de março, “só rezar pelos mortos e manter a certeza que iremos resistir ao autoritarismo para construir uma nação sem ódios, sem mágoas e sem perseguições”. O texto é uma resposta à autorização dada pelo presidente Jair Bolsonaro para que fosse celebrada a data, que marca o golpe dado em João Goulart em 1964. 

“Para surpresa dos democratas comprometidos com a soberania nacional e os direitos sociais, para estarrecimento da imprensa, os elogios descarados do atual presidente da República ao golpe de 64 mostram que estamos distantes da pacificação sonhada”, disse Dilma.

A ex-presidenta também falou a respeito da importância de manter a memória desse período. “Em 2012, na instalação da Comissão Nacional da Verdade, eu disse que a ignorância sobre a história não pacifica. Ao contrário, mantêm latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar, apenas facilita o trânsito da intolerância.”

“É duro ver que após a incansável luta pela democracia, pagamos com dor e sacrifício para assistir agora uma comemoração forjada pelo chefe de Estado do golpe de 1964. Todos sabemos que brasileiros e brasileiras foram assassinadas pela ditadura e estão ‘desaparecidos’ até hoje. Amigos e familiares guardam a dor da ausência de muitos de seus filhos e pais.”