Partido do suco

Por que investigar o laranjal do Bolsonaro?

Possível desvio de dinheiro público, doação por meio de caixa 2 e financiamento de distribuição de fake news pelo WhatsApp. Motivos não faltam para investigação

Marcelo Camargo/EBC

Nas últimas semanas, partido de Bolsonaro, PSL, vem sendo denunciado por repasses de dinheiro público a candidatos laranjas

São Paulo – A primeira, e mais óbvia, resposta à pergunta do título é que o simples fato de um partido apresentar não uma, mas várias candidaturas laranjas, já se configura em um atentado contra o processo democrático. Mas este pode ser o atentado visível, aquela pequena parte que avistamos dos icebergs sobre as águas. Porque assim como acontece com essas grandes pedras de gelo, a parte maior pode estar abaixo.

Imaginemos, de forma hipotética, apenas a título de exercício que as candidaturas laranjas – a maioria, senão a totalidade, de mulheres, tenham sido utilizadas para receber recursos que seriam aplicados para financiar a campanha de outros candidatos. Um crime. Uma fraude contra o fundo eleitoral que é formado por recursos públicos. Além de patrocinar um desequilíbrio no financiamento de campanhas. 

Mas imaginemos que a ousadia cítrica seja maior ainda. Que ao repassar esses recursos para empresas de parentes ou de filiados ao partido, o objetivo verdadeiro seja o de desviar os recursos da finalidade definida pela lei que criou o financiamento público de campanhas? Um grande motivo para se investigar, não é verdade?

Mas imaginemos, ainda hipoteticamente, que o laranjal tenha sido usado para desviar recursos das candidaturas proporcionais para cobrir gastos com a campanha presidencial ou de outras candidaturas majoritárias. No caso presidencial – somando a isso os milhões e milhões de reais que empresas doaram via caixa 2 para a campanha de Bolsonaro financiar a distribuição de fake news pelo WhatsApp e outras redes sociais – não faltariam motivos para se investigar a fundo, sem teatro, sem corpo mole.

Pois se não vejamos. Esses recursos podem ter sido usados – e destaco que estou falando aqui em hipóteses – para financiar materiais ou eventos da campanha presidencial. Porque não é demais imaginar que os recursos do laranjal mineiro, por exemplo, possam ter sido utilizados para financiar um evento em Juiz de Fora, Minas Gerais, que contou com a participação do então candidato a presidente. 

Como vimos, motivos não faltam para se investigar a fundo a campanha do partido do suco de laranja.

Karla Boughoff / CUCA da UNE
Luiz Marinho: ‘motivos não faltam para se investigar a fundo a campanha do partido do suco de laranja’

 

 

 

 

 

 

 

(*) Luiz Marinho é presidente do PT paulista

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