relações perigosas

Irmã de miliciano assinava cheques de campanha de Flávio Bolsonaro

Além da ligação com milicianos, reportagem da revista Isto É relata esquema de outra assessora de Flávio Bolsonaro responsável pela contabilidade de 42 campanhas do PSL

Reprodução/TVT

Val Meliga é irmã de PMs presos em operação de combate à milícia

São Paulo – Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos policias militares Alan e Alex Rodrigues de Oliveira – milicianos presos em agosto do ano passado, na Operação Quarto elemento – funcionária do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e tesoureira de seu campanha ao Senado no ano passado, possuía uma procuração e, inclusive, assinava cheques em nome do filho do presidente. É o que revela reportagem da revista Isto Édeste final de semana, que traz cheques do agora senador assinado pela assessora.

Flávio Bolsonaro também empregou no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro até novembro do ano passado a mãe e a mulher do capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) como líder do Escritório do Crime, milícia suspeita de envolvimento no assassinato da  vereadora Marielle Franco.

Laranjal do PSL

Além do envolvimento com a milícia, a revista também revela, conforme reportagem de Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT, que o gabinete de Flávio Bolsonaro funcionou como um polo de organização do esquema de candidatos laranjas do PSL, partido do presidente da República, para desviar verbas do fundo partidário. Alessandra Ferreira de Oliveira, outra funcionária do seu gabinete, exerceu a função de primeira-tesoureira do PSL, cabendo a destinar recursos para as candidaturas do partido no estado do Rio.

Sua empresa, a Alê Soluções e Eventos Ltda, foi responsável pela contabilidade de 42 campanhas do PSL, recebendo em pagamento parte das verbas destinada aos candidatos. Candidatas ouvidas pela reportagem relatam ter devolvido praticamente todo o dinheiro recebido.

Queiroz

Além das revelações trazidas pela publicação, outro ex-assessor de Flávio Bolsonaro no Legislativo fluminense assumiu, em depoimento ao MP-RJ nesta semana, que repassava mensalmente cerca de dois terços de seus salários para o também ex-assessor Fabrício Queiroz.

Investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como tendo realizado movimentações atípicas” de R$ 1,2 milhão em sua conta, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, Queiroz é apontado como suspeito de ser o responsável pelo recolhimento de parte dos salários desses assessores, que depois eram encaminhados à família do atual deputado e senador eleito. Dentre a movimentação suspeita, consta um cheque de Queiroz no valor de R$ 24 mil destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

‘Nova Política’

O comentarista político José Lopez Feijóo diz que as novas denúncias envolvendo mais laranjas e milicianos, somadas às articulações políticas do  presidente Jair Bolsonaro (PSL), que deve distribuir cargos para tentar aprovar a sua proposta de “reforma” da Previdência, sepultam de uma vez por todo o discurso moralista de suposto combate à corrupção.

Ele também relembra o caso da candidata ao Senado pelo PSL, Carmen Flores, que teria repassado verba pública do fundo partidário para a filha e a neta. E cobra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. “Como se vê, no quesito corrupção, a família e o governo Bolsonaro estão em grandes dificuldades para explicar estas enormes complicações. O mais estranho é o silêncio do juiz Sérgio Moro, que virou ministro da Justiça, todos sabem, se dizendo um paladino do combate à corrupção”, diz em sua coluna para o Seu Jornal.

Assista à reportagem:

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