Ingovernabilidade

Morte de crianças em deslizamento de Mauá é resultado de descaso e caos político

Cidade na região metropolitana de São Paulo sofre com constantes trocas de poder que levam à interrupção dos serviços públicos

Johnny Morais/Futura Press/Folhapress

Foram dois casos de desabamento no Jardim Zaira, em Mauá, cada um deixando duas vítimas

São Paulo – O prefeito de MauáAtila Jacomussi (PSB), reassumiu o cargo nesta segunda-feira (18), dois dias após deslizamentos de terras em decorrência das chuvas, no bairro Jardim Zaira, resultarem na morte de quatro crianças, no último sábado (16). A cidade compõe o chamado Grande ABC paulista. Vereadores e moradores denunciam problemas na saúde, zeladoria urbana e transportes, que se agravam com a instabilidade política no Executivo municipal. Sem dinheiro, prestadores de serviço também tem rompido contratos com a prefeitura. 

O prefeito foi preso duas vezes, em maio e em dezembro, por suspeita de desvio de verbas da merenda na cidade, e libertado na última quinta-feira (14), após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) conceder habeas corpus.

Nesse período, 21 dos 23 vereadores também foram acusados pelo Ministério Público Estadual (MPE-SP) em caso envolvendo suposto pagamento de propinas, também investigado pela Polícia Federal. Marcelo Oliveira (PT) e Chico do Judô (Patri) foram os únicos vereadores poupados pelas investigações.

“Mauá está vivendo o momento mais triste da sua história, tanta política como financeiramente. Temos levantamento com dívidas de curto prazo de cerca de R$ 90 milhões, e ao que tudo indica não tem dinheiro. Essa situação – o prefeito vai preso, depois soltam, uma hora assume a vice, outra hora volta o prefeito – quem perde é a população que precisa de serviços públicos”, diz Oliveira ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, nesta terça-feira (19).  

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Prefeito Atila Jacomussi (PSB)

Sobre as mortes ocorridas no Jardim Zaira, Oliveira diz que a prefeitura não conta sequer com um plano de ação para situações de emergência. Ele conta também que havia um contrato com o governo federal para o monitoramento de áreas de risco no bairro, mas foi rompido após a prefeitura deixar de pagar a empresa contratada. 

moradora Raimunda Nonato dos Santos, que vive no bairro há mais de 35 anos, relata que um programa de cadastramento das famílias de baixa renda que vivem em área de risco também foi interrompido. Ela diz que o sentimento da população é de “revolta”, “desilusão” e “abandono”. “Infelizmente, nesses últimos anos, a cidade está à deriva.”

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