Crise do laranja

Ao demitir Bebianno, Bolsonaro alega motivo de foro íntimo

Segundo porta-voz da Presidência, general Floriano Peixoto “passará a ser o sercretário-geral da presidente de forma definitiva e não haverá mudanças na estrutura da pasta”

Marcos Corrêa/PR

Secretário-geral da Presidência é o primeiro ministro a cair, com menos de dois meses de governo

São Paulo – Apesar de o senador Major Olímpio, presidente do PSL em São Paulo, ter afirmado hoje (18) considerar absolutamente injusta a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL) está fora do governo. O anúncio foi feito pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em entrevista coletiva no início da noite. Seu substituto será o general Floriano Peixoto.

O porta-voz disse apenas que a demissão de Bebianno se deu por “motivo de foro intimo do nosso presidente (Jair Bolsonaro)”. Ele repetiu a mesma justificativa ao responder por que a demissão demorou tanto a ser decidida.

O porta-voz também foi questionado por jornalistas sobre o caso do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que teria participado de esquema de candidaturas “laranjas” em Minas Gerais. “As decisões com relação a exoneração e nomeação de  ministros são de responsabilidade do presidente. Não me cabe avançar em qualquer suposição a respeito disso”, respondeu.

Bebianno é objeto de denúncias de que o PSL, sob seu comando, montou um esquema de candidaturas laranjas para receber recursos públicos do fundo partidário.

Segundo o porta-voz, Bolsonaro não demorou a tomar a decisão. “Nosso presidente demandou o tempo necessário para tomar sua decisão.” Rêgo Barros afirmou que o general Floriano Peixoto “passará a ser o secretário-geral da Presidência de forma definitiva e não haverá mudanças na estrutura da pasta”.

Bebianno afirmou anteriormente que o problema do governo é o “ciúme exacerbado” de Carlos Bolsonaro, que levaria o vereador do Rio de Janeiro (PSL) a deixar em segundo plano a execução de “um projeto para o país”.

Repercussão

Em postagem no Twitter, o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) ironizou a justificativa da demissão. “Bolsonaro demitiu Bebianno, segundo o porta-voz, por razões de foro íntimo. É um deboche. O ministro fritado e escorraçado sabe muito, não só dos laranjais do PSL. Sabe tudo das bandalheiras da campanha fake. Abre o bico Bebianno!

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) exortou: “Vamos convocar Bebianno para dizer como foi feita a campanha do Bolsonaro e a relação com as milícias”.

Na mesma rede social, a jornalista Helena Chagas afirmou que a demissão de Bebianno “é a melhor lição de como não se deve fazer as coisas num governo.” Ela acrescentou: “Depois do desgaste de três dias mantendo o ministro zumbi, a cereja do bolo foi o vídeo de Bolsonaro explicando pessoalmente porque exerceu uma prerrogativa que é dele. Trabalhada.”

O site de humor jornalístico Sensacionalista usou uma imagem relativa a sistemas de computador: “Operação para retirada de Bebianno é concluída com sucesso”.