Witzel assume no Rio falando em moralidade e fim do poder paralelo

Segundo ele, Judiciário é hoje 'pilar da integridade'. Governador disse apoiar medidas de Bolsonaro

Reprodução/GloboNews

Ao lado do cardeal, novo governador fluminense se emocionou e disse que quer mudar a estrutura de segurança no estado

São Paulo – Wilson Witzel (PSC), que completará 51 anos no ano que vem, tomou posse como governador antes das 9h em ato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Falou em crescimento, moralidade, combate “por todos os meios” ao crime organizado e apoio ao governo federal. Agradeceu ao prefeito da capital, Marcelo Crivella, pelas “orações”, e a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Ex-juiz federal, ele afirmou que as Justiças federal e estadual são “pilares da integridade, da decência”, e chamou os chefes do Executivo de “colegas sofredores”.

O novo governador fluminense também saudou o cardeal-arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. “Em seu nome, referencio todas as autoridades religiosas e seus fiéis, que clamam pelo governo dos justos contra a praga dos ímpios.” Ele fez menção à origem em “lar cristão pobre”. 

Com um histórico de governadores presos nos últimos, Witzel afirmou que chegou a hora “de libertar o estado da irresponsabilidade e da corrupção que marcaram as duas últimas décadas da política estadual”. Ele disse que renunciou à carreira, “à toga”, por indignação. “Trabalharei incansavelmente para unir o Rio de Janeiro. Nossa tarefa será racionalizar os custos e obter mais recursos para os municípios, sempre buscando o bem-estar de todos os cidadãos, independentemente de ideologias partidárias.”

Da mesma forma que João Doria (PSDB) em São Paulo, o governador do Rio disse que buscará apoiar o governo federal “no processo de mudanças da ordem tributária, previdenciária e econômica, para garantir o futuro das próximas gerações, e inverter a pirâmide de arrecadação com a descentralização dos serviços e atribuições”. 

Em grande parte de seu discurso, fez referência à violência no estado. “Criminosos assumiram, pelo poder das armas, o domínio de porções do nosso território, trazendo desgraça e desordem ao cidadão de bem. Vamos reorganizar as estruturas policiais para serem capazes de investigar e de prender aqueles que comandam o crime organizado e fazem da lavagem de dinheiro a fonte que abastece o comércio de drogas e armas e a desgraça e o câncer da corrupção”, afirmou, lembrando da instalação do Conselho de Segurança estadual, que segundo ele “vai aproximar as instituições e permitir que a segurança não seja mais apenas um caso de polícia, e sim uma política pública de responsabilidade de todos os poderes”. Emendou dizendo que não permitirá “a continuidade desse poder paralelo”. 

“Usarei todos os meios e conhecimentos para derrotar o crime organizado, reconstruindo, reaparelhando, aperfeiçoando o processo penal e as estruturas judiciais, treinando as nossas forças policiais, colocando à disposição profissionais da segurança capacitados e com instrumentos para conter a ameaça à nossa democracia. São narcoterroristas e como terroristas serão tratados”, discursou o governador. Durante a campanha, ele chegou a falar em abater traficantes com snipers (atiradores de elite).

Witzel citou o ex-governador Carlos Lacerda como “grande fonte de inspiração para políticos deste estado”. Lacerda apoiou o golpe de 1964, mas, cassado, se insurgiu contra o movimento e formou o que se chamou de Frente Ampla, ao lado dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart. Os três morreram com intervalo de meses, entre 1976 e 1977, durante a ditadura.

 

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