Nomeação

Villas Bôas, que ‘advertiu’ STF sobre Lula, vai para o GSI de Bolsonaro

Presidente já agradeceu ao ex-comandante do Exército dizendo ser o general 'um dos responsáveis por eu estar aqui”

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Villas Bôas agradeceu Bolsonaro por ter “livrado” o país “da amarra ideológica que sequestrou o livre pensar”

São Paulo – O ex-comandante do Exército e general Eduardo Villas Bôas foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para tomar posse de um cargo no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pasta comandada por outro general, o ministro-chefeAugusto Heleno.

Na manhã deste sábado (12), Bolsonaro saudou Villas Bôas, respondendo uma postagem do general no Twitter. “Gostaria de externar a minha felicidade por receber uma missão do presidente Jair Bolsonaro ao ser convidado para integrar o Gabinete de Segurança Institucional, no qual poderei continuar contribuindo para o desenvolvimento da nossa Pátria”, disse o militar.

Em abril de 2018, às vésperas do julgamento de um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Villas Bôas se manifestou também pelo Twitter dizendo repudiar “a impunidade”, afirmando ainda que o Exército estaria”atento às suas missões institucionais”, sem detalhar exatamente quais seriam tais “missões”.

A mensagem, tida como uma ameaça ao Supremo, foi rebatida pelo ministro Celso de Mello na sessão seguinte, merecendo repúdio de diversas entidades, inclusive da Anistia Internacional. O STF negou o HC a Lula, por 6 votos a 5, com o emblemático voto da ministra Rosa Weber, que votou contra seu próprio entendimento em favor da “colegialidade”.

Em entrevista publicada em 9 de setembro pelo jornal O Estado de S. Paulo, Villas Bôas voltou à carga contra o ex-presidente Lula, dizendo que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU em favor do registro da candidatura petista se tratava de uma “tentativa de invasão da soberania nacional”. “Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo”, falou na ocasião.

Em novembro, agora em entrevista à Folha de S. Paulo, Villas Bôas, mesmo negando qualquer intenção das Forças Armadas de intervir na vida política do país, argumentou que no episódio do julgamento do HC de Lula temeu que “a coisa poderia fugir do nosso controle”. “Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou (o tuíte) 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota.”

Em 2 de janeiro, durante a transmissão de cargo ao atual ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva, Bolsonaro agradeceu Villas Bôas e disse ser o general um dos “responsáveis” por ele estar ali. “General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, afirmou. Ao deixa o cargo de comandante do Exército, nessa sexta-feira (11), o general agradeceu ao presidente por ter “livrado” o país “da amarra ideológica que sequestrou o livre pensar” e “do pensamento único e nefasto”.

 * Com informações da Agência Brasil

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