análise

Kjeld Jakobsen: ‘Percepção de que Lula é preso político tem crescido’

Apoio internacional à campanha de indicar o ex-presidente ao Prêmio Nobel da Paz mostra de que Lula ainda é reconhecido, diz consultor de política internacional

Ricardo Stuckert

Cerca de meio milhão de pessoas já assinaram a petição lançada para tornar o ex-presidente um Nobel da Paz

São Paulo – Para o cientista político Kjeld Jakobsen, a mobilização internacional para a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Prêmio Nobel da Paz, além das arbitrariedades jurídicas contra ele, mostra que a “percepção de que Lula é preso político tem crescido”.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Kjeld, que é consultor de política internacional, fala que uma dessas provas é o apoio feito pelo jornal francês l’Humanité, nesta terça-feira (29), que estampou a foto do petista em sua capa, com a mensagem “O Nobel da Paz para Lula!”.

“É um reconhecimento, já que Lula é merecedor da premiação pelo fez pelo combate à fome, por ter retirado o Brasil do mapa da fome. Numa época de intolerância e violência, esse seria um prêmio muito justo, já que Lula foi um pacificador e contribuiu para evitar guerra civil na Bolívia e Venezuela”, afirma Jakobsen.

Cerca de meio milhão de pessoas já assinaram a petição lançada pelo artista e ativista pelos direitos humanos argentino Adolfo Pérez Esquivel, para tornar o ex-presidente um Nobel da Paz. A campanha mundial pelo Nobel da Paz a Lula tem como mote o combate à fome e a miséria

Kjeld Jakobsen lembra que houve reconhecimento às políticas de Lula, ainda quando era presidente. “Houve várias premiações durante o exercício de seu mandato, com o da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o World Food Prize, em 2011, da Unesco (em 2009, por incentivar a paz), entre outros. São quase 100 diplomas honoris causa de universidades do mundo inteiro”, acrescenta.

Ainda de acordo com o consultor de política internacional, a percepção da “farsa jurídica”, na qual Lula foi submetido, foi comprovada com a nomeação de Sérgio Moro como ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Ele critica também a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) de negar o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de participar do velório e enterro do seu irmão Vavá, na manhã desta quarta-feira (30). De acordo com o especialista, o país vive na “era das trevas”.

“Nem na ditadura militar impediram Lula de ver ir ao enterro, no caso da mãe dele. Agora, num suposto governo democrático, isso não é permitido, sendo que a lei prevê isso. A perseguição cresce cada vez mais”, critica.

Ouça a entrevista a partir do ponto 30:00

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