Suando a camisa

Filha de Queiroz chegou a ganhar cargo em prefeitura no interior do Rio

Nathalia Queiroz deveria representar a prefeitura de Araruama, além de 'escrever alguma coisa nas redes sociais'. Ela continuava morando na capital fluminense, e trabalhava ainda como personal trainer

Reprodução/Instagram

Assim como o pai, Nathalia deve explicações ao MP sobre transações suspeitas apontadas pelo Coaf

São Paulo – Exonerada do cargo de assessora parlamentar no gabinete do então deputado federal e agora presidente Jair Bolsonaro (PSL), em outubro, Nathalia Queiroz foi nomeada, duas semanas depois, assessora especial da prefeita de Araruama – região dos Lagos, no Rio de Janeiro – Lívia de Chiquinho (PDT). Filha do motorista Fabrício Queiroz, que trabalhou como assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, Nathalia, que também é personal trainer, foi demitida ainda em dezembro, quando ela e o pai aparecerem em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como tendo realizado transações financeiras consideradas suspeitas.

Assim como quando atuava no gabinete de Bolsonaro, Nathalia também trabalhava a distância, continuando a viver na capital do Rio de Janeiro, a 108 quilômetros de Araruama. “A secretária da prefeita, Angela Barreira, disse que nunca a encontrou no local de trabalho. ‘Parece que ela era meio ruim de serviço. Como eu nunca vi, não posso dizer’, desculpou-se”, segundo reportagem de Bernardo Mello Franco, d’O Globo, nesta terça-feira (15).

Outro integrante do governo diz que Nathalia era “pau para toda obra” e recebia para representar a prefeitura na Assembleia Legislativa e “escrever alguma coisa nas redes sociais”. Nathalia também conciliava as atividades de assessora com suas funções como personal no Rio e costumava postar fotos na academia de ginástica em horário comercial. 

O Coaf identificou transação suspeita de R$ 97 mil de Nathalia para o pai, quando ambos trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro. Já Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo um depósito de R$ 24 mil destinado à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A movimentação atípica incluía uma série de saques de médio valor (em torno de R$ 5 mil) que eram antecedidos de depósitos na conta de Queiroz com valores equivalentes. Nove assessores do gabinete do filho de Bolsonaro realizaram transações em nome de Queiroz, que coincidiam com os dias de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A suspeita é de que o motorista de Flávio Bolsonaro seria uma espécie de “laranja”, responsável pelo recolhimento de parte dos salários desses assessores, que depois eram encaminhados à família do atual deputado e senador eleito.

Ele faltou a quatro depoimentos que deveria prestar ao Ministério Público do Rio (MPRJ) para esclarecer as movimentações, sob a alegação de que estaria se tratando de um câncer num hospital de luxo em São Paulo. Foi Nathalia que filmou o vídeo em que Queiroz aparece dançando, junto com sua mulher, no leito do hospital, que viralizou no final de semana. O MPRJ também aguarda o depoimento da mulher de Queiroz e de mais uma filha que igualmente trabalhavam com Flávio Bolsonaro. Elas dizem ter se mudado temporariamente para a capital paulista para acompanhar o tratamento do pai. 

 

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