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‘Era dos apadrinhados chegou’, diz senador sobre amigo de Bolsonaro na Petrobras

Presidente apagou tuíte no qual dizia que a 'era do indicado sem capacidade técnica acabou'

Reprodução/Facebook Capitão Victor

Carlos Victor Guerra Nagem cuidará da gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicou Carlos Victor Guerra Nagem, seu “amigo particular”, como ele mesmo definiu, para a gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras. Após o anúncio, o presidente apagou uma publicação no Twitter na qual mostrava o currículo do indicado e afirmava que a “a era do indicado sem capacitação técnica acabou”.

“A era do indicado sem capacitação técnica acabou, mesmo que muitos não gostem. Estamos no caminho certo!”, escreveu, às 23h16 de ontem. No entanto, a mensagem foi removida e substituída às 23h59, sem esse trecho.

Em nota, a Petrobras confirmou a indicação e afirmou que o nome ainda “será submetido aos procedimentos internos de governança corporativa”. Segundo a estatal, Nagem é graduado em Administração pela Escola Naval e há seis anos atua na área de Segurança Corporativa da Petrobras. “Apesar de brilhante currículo, setores da imprensa dizem que é apenas ‘amigo de Bolsonaro'”, disse o presidente, também no Twitter, para se defender das críticas recebidas.

Atualização: Promoção viola plano de cargos da Petrobras

Para atender ao pedido do presidente e promover seu amigo, a direção da empresa violou o próprio Plano de Cargos e Remuneração (PCR) e nomeou um profissional pleno para um cargo sênior, triplicando o seu salário. 

Carlo Victor Guerra Nagem, o “amigo particular” de Bolsonaro, é capitão-tenente da reserva da marinha e funcionário da Petrobras há 11 anos, período em que também disputou cargos legislativos pelo PSC, com apoio do presidente eleito. Bolsonaro defendeu a indicação, alegando que o amigo tem um currículo com várias atribuições externas que o qualificam para o cargo.

No entanto, títulos acadêmicos não justificam aceleração na carreira ou, até mesmo, aumento da remuneração, segundo esclareceu a própria Petrobras, durante a campanha para implementação do PCR. No documento “Perguntas e Respostas sobre o PCR”, a empresa informa que “a proposta do PCR é avaliar as pessoas por suas entregas e não por suas titulações”

Profissional de nível Pleno, Carlos Victor, segundo as atribuições de carreira do PCR, teria grandes dificuldades de ocupar uma Gerência Executiva, cujas funções estão diretamente relacionadas às atribuições dos profissionais de nível Sênior.

Leia íntegra da nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP)

O senador Humberto Costa (PT-PE) ironizou a atitude do presidente, também nas redes sociais. “A era dos apadrinhados chegou. Agora, vale tudo pelos amigos e parentes”, disse ele, que lembrou também da promoção do filho do vice-presidente, General Mourão.

“Agora é a vez de um grande amigo de Bolsonaro galgar um cargo de gerente na Petrobras”, publicou Bolsonaro. “Peço desculpas à grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos”, acrescentou o presidente, que havia prometido nomeações técnicas.

O caso a que o senador se refere é o de Antônio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice de Bolsonaro, nomeado assessor especial do presidente do Banco do Brasil. Com a nomeação, ele mais que triplicará seu salário, passando a ganhar R$ 36,3 mil por mês. A nova função equivale a um cargo nível executivo.

O governo federal também fez uma terceira nomeação de “amigo”. Alex Carreiro foi nomeado para gerir a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), após indicação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente da República, de quem é amigo pessoal. Ele foi empossado como presidente da entidade no último dia 3 e exonerado do cargo nessa quarta-feira (9).

 

REPRODUÇÃO
Antes da repercussão negativa, Bolsonaro teria dito que escolha de amigo na Petrobras ‘foi técnica ‘