CONCORRIDO

Eleição para presidência do Senado pode ter oito candidatos

Renan Calheiros (AL) e Simone Tebet (MS) disputam indicação do MDB. Parlamentares temem hegemonia do DEM com candidatura de Davi Alcolumbre (AP), apoiada por Onyx Lorenzoni

Edilson Rodrigues/Agência Senado

Pelo menos três candidatos acenam com possível recuo até a próxima sexta

Brasília – A eleição para presidência e mesa diretora do Senado Federal, também prevista para ser realizada na sexta-feira (1º), tem componentes diferentes de pleitos anteriores já observados na Casa. O destaque é a candidatura do ex-presidente Renan Calheiros (MDB-AL), que conta com a ajuda de muitos senadores que não se elegeram em 2018. Mas ele terá de enfrentar a resistência de muitos parlamentares contrários ao seu nome, além da disputa interna no MDB.

Os candidatos à presidência da Casa, até agora, são oito: além de Renan, Simone Tebet (MDB-MS), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Esperidião Amin (PP-SC), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Alvaro Dias (Podemos-PR), Major Olímpio (PSL-SP) e Angelo Coronel (PSD-BA). Pelo menos três destes nomes aventam a possibilidade de sequer formalizarem sua candidatura até o final da semana.

Renan aparece como principal candidato, mas anunciou na semana passada, no Twitter, que não vai participar da disputa, embora ninguém tenha acreditado. O senador, que já presidiu a Casa quatro vezes, deu a declaração depois de lançada, por um grupo do MDB, a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MT) para se contrapor à dele. Na terça-feira (29) o partido deverá decidir qual dos dois nomes pretende oficializar.

Simone já avisou que, dependendo do clima político a ser observado caso seja derrotada na legenda, poderá lançar candidatura própria.

‘Sem hegemonia’

A senadora disse que se lançou candidata depois de ver a articulação forte que estava sendo feita no Senado pelo nome de Davi Alcolumbre, que é do DEM, mesmo partido do deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara e favorito na disputa à reeleição. Segundo ela, sua intenção é contribuir para evitar o que chamou de “hegemonia do DEM dentro do Congresso Nacional”. Muitos parlamentares têm criticado a interferência direta do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, junto aos senadores em prol da candidatura de Alcolumbre.

Mas ela também é vista como uma candidata forte por parte de emedebistas que apresentam resistências a Renan. Em meio a articulações, Simone confirmou que chegou a ser sondada pelo Planalto, por meio de Onyx e vários assessores da Casa Civil, para abrir mão da sua candidatura em favor de Alcolumbre, com a promessa de apoio a uma chapa na próxima legislatura, em 2021. Ela não aceitou.

O senador demista, por sua vez, é tido como o preferido do governo Bolsonaro para a presidência porque a articulação política do Planalto quer evitar Renan, que votou contra Bolsonaro e pode criar problemas durante votações de matérias importantes para o governo na Casa. Mas tem como empecilho o fato de ser do DEM, mesmo partido de Rodrigo Maia.

Esperidião Amin, que retorna ao Senado depois de um período como deputado federal, também é candidato, mas já confirmou que pode abrir mão de sua candidatura caso seja formado um bloco com forças suficientes para disputar votos com Renan. Ainda estão na corrida Alvaro Dias e Tasso Jereissati. Os dois admitiram a colegas que podem nem chegar a disputar se notarem que suas candidaturas não possuem força suficiente em meio a tantos nomes apresentados.

Jereissati tem confirmado sua vontade de ser candidato e disse que preferiu não participar das negociações em torno do seu nome, para evitar especulações. Mas pretende se colocar como uma pré-candidatura a ser avaliada pelos colegas de bancada. Uma surpresa foi a candidatura de Ângelo Coronel, novato no Senado assim como o Major Olímpio.

Bloco suprapartidário

O partido de Coronel, o PSD, ficou de fazer uma reunião ainda esta semana para decidir se manterá sua candidatura ou se vai compor com algum candidato mais forte para negociar mais espaço na mesa diretora e nas comissões.

Também está sendo discutida a formação de um bloco suprapartidário com PDT, PSB, Rede e PPS. Esses partidos podem votar juntos em um mesmo candidato, mas ainda não está definido se vão preferir lançar um nome próprio. O mais provável, conforme alguns parlamentares destes partidos, é o grupo resolver apoiar uma das candidaturas já postas. O bloco tem como principal coordenador Cid Gomes (PDT-CE), mas ele não falou em se candidatar até agora.

Por sua vez, o candidato do PSL, Major Olímpio, não descarta a possibilidade de esquecer a candidatura e negociar uma posição na mesa diretora em apoio a algum colega. Mas ele é quem mais tem reclamado da interferência do Planalto na disputa.

“O governo tem de ser governo, não pode ter condutas partidárias nem se meter nessa eleição. O presidente tinha prometido que não iria se meter e dessa forma o Planalto deveria estar agindo”, disse, numa alfinetada a Onyx Lorenzoni.

Como é grande o número de candidatos desta vez, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) – que deixa o Senado sexta-feira porque não conseguiu se eleger – estabeleceu em questão de ordem apresentada no final do ano passado que somente será eleito o candidato que tiver votação superior a 41 votos entre os 81 senadores.

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