balanço da política

Protagonistas do ano eleitoral, antissistema e antipetismo formam onda à direita

Com ruptura de um ciclo à esquerda, vigilância para a preservação dos direitos será desafio para 2019. Entrevista com Vitor Marchetti (UFABC) e Lara Mesquita (Uerj)

Tânia Regô/EBC

“A democracia não é um regime da vontade da maioria, mas é da preservação dos direitos das minorias”, alerta Lara Mesquita

São Paulo – Principal fato político de 2018, a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a presidência decorre de dois eixos, o antissistema e o antipetismo. Ambos os fenômenos foram fabricados por uma conjunção de interesses de parte da elite política que domina o sistema judiciário e de comunicação, acabaram amadurecidos e capitalizados por interesses econômicos, e atingiram seu ápice ao romper o ciclo de protagonismo com campo democrático no país.

Os cientistas políticos Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), e Lara Mesquita, doutora em Ciência Política pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) analisam o cenário. 

“Estamos em um momento do Brasil que me parece que a gente está interrompendo, rompendo um ciclo e vamos começar outro, que a gente ainda não tem muita certeza de qual será. Eu resumo como o fim de ciclo do pacto constitucional”, sintetiza Marchetti, em diáologo com os jornalistas Rafael Garcia e Walter Venturini, da Rádio Brasil Atual.

Embora se trate de uma ruptura que questiona não apenas toda a geração de políticos que participaram da Constituição Federal de 1988, mas também os marcos sociais por ela promulgados, como explica Marchetti, Lara ressalta que essa “ascensão autoritária” deve ser vista como resultado de uma fase da própria democracia com uma direita que avança pelo mundo.

“A democracia não é um regime da vontade da maioria, mas é da preservação dos direitos das minorias, é essa convivência entre grupos majoritários e grupos minoritários”, afirma Lara. “A gente pode ter um governo de direta que pode ser democrático, mas a gente tem que estar vigilante para como serão tratados os grupos minoritários”, projeta a cientista política como um dos desafios para o próximo ano. 

O debate está no partir do ponto 35:40 desta edição do Jornal Brasil Atual