perigo

‘Diplomacia’ de Bolsonaro pode atrair o terrorismo internacional, diz professor

Enfraquecimento das relações com a China, a saída do Pacto Global de Imigração e até a mudança da embaixada em Jerusalém vão na contramão das diretrizes históricas da política externa brasileira

Valter Campanato/Agência Brasi

Bolsonaro e futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vão colocam política externa do Brasil ‘em parafuso’

São Paulo – Para o professor e pesquisador da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Rafael Castilho, as declarações do futuro governo de Jair Bolsonaro colocam o establishment econômico brasileiro “em parafuso”. Para ele, o enfraquecimento das relações com a China, a saída do Pacto Global de Imigração e até a mudança da embaixada brasileira em Israel, estão distantes dos interesses estratégicos do Brasil, colocando o país sob risco.

Entrevistado nesta quinta (13) pelo Seu Jornal, da TVT, o sociólogo critica a mudança anunciada da postura do Brasil para o Oriente Médio, em que se coloca em uma posição que está distante da tradição diplomática do país. “Entra em algo que também não tem nenhum ganho, além do risco de colocar o Brasil no mapa do terrorismo internacional. É algo que nós não fazemos parte até agora, mas essa postura da política externa brasileira coloca em risco a população”, alerta Rafael, sobre a ideia de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalémterra disputada entre Israel e Palestina.

Na última segunda-feira (10), logo após o Brasil assinar o Pacto Global de Imigração, com outras 165 nações da ONU, o futuro chanceler brasileiro Ernesto Araújo disse que o país sairá do tratado. Segundo ele, a imigração é “bem vinda, mas não para todos”. 

O especialista afirma que essa decisão prejudica a imagem do país, além de ser distante da tradição da política externa brasileira. “Sempre foi um país formado por imigrantes”, lembra. Ele ainda aponta que haverá consequências para brasileiros. “Esses tratados não servem só para os próprios povos que buscam refúgio aqui, mas também para os brasileiros que migram para diferentes partes do mundo”, explica.

O governo Bolsonaro também sinaliza para uma aproximação maior com interesses dos Estados Unidos. O pesquisador lembra que nem nos governos militares, entre 1964 e 1985, isso ocorreu, já que prejudica o país no âmbito político e econômico.

Ao se alinhar com a economia norte-americana, o futuro presidente deve enfraquecer as relações com a China. “O futuro governo cria uma animosidade com os chineses, que é o maior comprador de produtos brasileiros, maior destino das exportações brasileiras. Isso já vai preocupar os setores de agronegócio e siderurgia.  Eles falam que vão sair do Mercosul, mas a Argentina é a terceira maior compradora dos produtos externos brasileiros. a nós”, critica o professor.

Os setores das elites econômicas brasileiras vão perceber da pior forma o prejuízo de uma ação que é só retórica, acrescenta o professor. Ele acredita que as ações do futuro governo são motivadas por um discurso raso e extremista. 

Assista à entrevista ao Seu Jornal, da TVT

Leia também

Últimas notícias