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Bolsonaro no poder dá vazão à dimensão coletiva da bestialidade

Com gigantesco esforço de mídia, de fake-news e de dinheiro, foi eleito um presidente cujo objetivo é simplesmente acelerar a marcha com Deus e a Família rumo ao absurdo

Reprodução

Os meios de comunicação invadem o inconsciente coletivo pelas narrativas mais absurdas, sempre favoráveis aos dominadores

São Paulo – A desigualdade está explodindo no mundo, e as propostas dos governos – aí incluído o do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) – têm na austeridade a estratégia para resolver o problema – mas uma dita austeridade que afeta a vida dos que mal sobrevivem, e não a dos ricos. Ao mesmo tempo em que o planeta está sendo destruído, o consumismo irresponsável prevalece sobre iniciativas para o consumo inteligente.

Para enfrentar a violência que se espraia, elegem a liberação de mais armas. “O homo demens transforma a burrice em bandeira. Uma visão construtiva é fácil de identificar: é só fazer o contrário”, afirma o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo Ladislau Dowbor em seu artigo A burrice no Poder, publicado recentemente.

Com um título que pode parecer até provocação ao novo governo que deverá ter início no próximo dia 1º, com a posse de Bolsonaro, o texto de Dowbor vai direto ao ponto: “As opções políticas seguem sendo definidas muito mais pelo fígado do que pela cabeça, pelo ódio do que pela solidariedade e compaixão. Em particular, a truculência de grupos ou classes sociais que por alguma razão se tornaram mais fortes, constitui uma permanência na história, com o exercício sistemático e recorrente de formas extremas de discriminação e de violência. Qualquer pretexto é suficiente, seja a cor da pele, o gênero, a opção sexual, a religião, a diferença de renda, e frequentemente até a idade. Por vezes o tamanho do cabelo, o porte de barba, ou um véu na cabeça bastam para alimentar a besta latente dentro de nós. E quando a bestialidade encontra a sua dimensão coletiva, sai de baixo”.

Tudo sob o comando da mídia. Os meios de comunicação, conforme aponta, invadem o consciente coletivo pelas narrativas mais absurdas, mas sempre favoráveis aos grupos dominantes. “Com gigantesco esforço de mídia, de fake news e de dinheiro, elegeu-se um presidente cujo rumo é simplesmente acelerar a marcha com Deus e a Família rumo ao absurdo”.

Uma vez no poder, a burrice política é impressionante. Para se justificar, adota políticas igualmente burras. É o que levou cinco presidentes americanos a se afundarem na guerra do Vietnã, apesar da convicção íntima, hoje conhecida e documentada, de que era uma causa perdida.

No Brasil a cegueira também faz estragos. O país produz R$ 6,3 trilhões de bens e serviços – o montante do PIB brasileiro. Dividido por 208 milhões de habitantes, o per capita é de R$ 30 mil ao ano, ou seja, R$ 10 mil por mês para uma família de 4 pessoas. Distante das ambições de consumo da classe média alta, o valor asseguraria o suficiente para uma vida digna e confortável para o mais comum dos mortais. Mas não é o que ocorre. “Nosso problema não é falta de recursos, e sim a burrice na sua distribuição. Na fase do lulismo, a economia cresceu, sendo que a renda dos mais pobres e das regiões mais pobres cresceu mais do que a renda dos mais ricos: todos ganharam”, afirma.

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