Para PT, ação contra Haddad é ‘vingança política’

'Este episódio caracteriza a partidarização do sistema judicial do estado de São Paulo, controlado por notórios adversários do Partido dos Trabalhadores', diz nota da legenda

Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Açaõ se baseia em delação de Ricardo Pessoa, da UTC, que já teve acusações desconsideradas pela Justiça

São Paulo  Em nota divulgada em seu site oficial na noite dessa segunda-feira (19), o Partido dos Trabalhadores classificou a aceitação da denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad como mais um episódio que demonstraria “a partidarização do sistema judicial do estado de São Paulo, controlado por notórios adversários do Partido dos Trabalhadores”.

O Brasil precisa de mais Justiça e menos perseguição política. Mais democracia e nenhum tipo de manipulação das instituições. O Brasil precisa resistir a esse tipo de ataque, que não fere apenas o cidadão Fernando Haddad, fere a própria democracia”, diz ainda o texto assinado pela Executiva Nacional.

O ex-candidato à Presidência da República pelo PT se tornou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em decisão do juiz Leonardo Barreiros, da 5ª Vara Criminal da Barra Funda, que aceitou a denúncia proposta pelo promotor Marcelo Mendroni, do Grupo Especial de Delitos Econômicos. Outras cinco pessoas também passaram a figurar como rés na mesma ação, incluindo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

A acusação se baseia em delação do ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa. Segundo seu depoimento, Vaccari teria pedido R$ 3 milhões a ele, que teria repassado o total de R$ 2,6 milhões para pagamento de dívidas de campanha de Haddad à prefeitura em 2012.

O advogado Luiz Flávio D’urso, que representa João Vaccari, disse por meio de nota que seu cliente “jamais foi tesoureiro de campanha e nunca solicitou qualquer recurso para campanha de quem quer que seja”, observando que ele “solicitava doações legais somente para o partido, as quais eram realizadas por depósito em conta bancária do partido, com recibo e com prestação de contas às autoridades”.

Haddad contestou a idoneidade de Pessoa e afirmou que o empreiteiro teve interesses contrariados em sua gestão. “Com o mesmo depoimento, sobre os mesmos fatos, de um delator cuja narrativa já foi afastada pelo STF, o Ministério Público fez uma denúncia de caixa 2, uma denúncia de corrupção e uma de improbidade. Todas sem provas, fincadas apenas na desgastada palavra de Ricardo Pessoa, que teve seus interesses contrariados pelo então prefeito Fernando Haddad. Trata-se de abuso que será levado aos tribunais”, disse em nota.

Delator desacreditado

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo de julho deste ano mostravam que diversas decisões judiciais haviam colocado em xeque a credibilidade de Ricardo Pessoa, que foi o primeiro empreiteiro preso pela Operação Lava Jato a aceitar o acordo de delação premiada, após ficar cinco meses e meio preso em Curitiba. Condenado a 18 anos e 8 meses de prisão, cumpriu parte da pena em regime domiciliar e hoje presta serviços comunitários uma vez pro semana por conta da delação.

A matéria lembra que dos 16 políticos implicados pelos depoimentos de Pessoa, 8 se livraram das acusações, sendo que em 6 dos casos o próprio Ministério Público reconheceu não haver provas. 

 

 

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