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Em depoimento, Lula se mostra perplexo ante arbitrariedades da acusação

Ex-presidente depôs por duas horas e meia à juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na Operação Lava Jato, sobre processo referente ao sítio de Atibaia

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Lula: “nem o Palocci, nem ninguém tem procuração minha para tratar de qualquer coisa do meu interesse”

São Paulo – O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à juíza Gabriela Hardt, na Justiça Federal de Curitiba, nesta quarta-feira (14), durou cerca de 2 horas e meia e terminou por volta das 17h40. Ao ser perguntado por seu próprio advogado, Cristiano Zanin Martins, perante a magistrada, se, como presidente, “teve alguma intervenção no contrato da Odebrecht, demonstrando irritação, Lula respondeu: “Nem da Odebrecht nem do Vaticano”. A juíza substitui Sérgio Moro na Lava Jato, após o magistrado aceitar convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para o Ministério da Justiça.

À questão colocada por Zanin, se autorizou o ex-ministro Antonio Palocci a tratar de qualquer recurso em seu favor perante o grupo Odebrecht, o petista respondeu que “nem o Palocci, nem ninguém tem procuração minha para tratar de qualquer coisa do meu interesse”.

Lula disse que, quando viu o power point (do procurador Deltan Dallagnol), recomendou ao PT que “todos os filiados do partido no Brasil inteiro abrissem processo contra o Ministério Público para que provasse as famosas acusações feitas com a utilização do programa power point. A juíza acusou o petista de estar “intimidando a acusação  e estimulando os filiados ao partido a tumultuarem o processo”. “A referência foi a processo judicial. Eu não acredito que a Justiça seja meio para instigar”, respondeu Zanin.

Lula afirmou que seu governo e o de Dilma Rousseff combateram a corrupção por meio de legislação. “As coisas mais importantes foram aprovadas nos governos do PT”. Criamos uma lei (de Acesso à Informação) que permite que a imprensa tenha acesso até ao papel higiênico utilizado no Palácio. Nós escancaramos esse país. Eu fico feliz com a apuração da corrupção. O que me incomoda é a conexão política que se faz com isso”, disse Lula.

Ao final do depoimento, Lula afirmou, dirigindo-se ao MP, que não tem nada pessoal contra o órgão ou os procuradores. “Tenho um respeito profundo pela instituição. Às vezes fico muito nervoso com as mentiras que foram contadas no power point”. Segundo ele, a Lava Jato “teve um descaminho”, no caso dos processos contra ele.

Nota

Em nota divulgada no início da noite, Zanin Martins declarou que o depoimento “demonstrou arbitrariedade da acusação”. “O ex-presidente Lula rebateu ponto a ponto as infundadas acusações do Ministério Público em seu depoimento, reforçando que durante o seu governo foram tomadas inúmeras providências voltadas ao combate à corrupção e ao controle da gestão pública e que nenhum ato de corrupção ocorrido na Petrobras foi detectado e levado ao seu conhecimento”.

Segundo o advogado, Lula mostrou “a perplexidade” de ser acusado de ser favorecido por reformas em um sítio em Atibaia que “não tem qualquer vínculo com a Petrobras e que pertence de fato e de direito à família Bittar, conforme farta documentação constante no processo”.

O depoimento reforçou a “indignação” do ex-presidente por estar preso “sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma perseguição judicial por motivação política materializada em diversas acusações ofensivas e despropositadas para alguém que governou atendendo exclusivamente aos interesses do país”.

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