Transição na Saúde

Bolsonaro indica ministro financiado por planos de saúde e investigado por fraude

Crítico do programa Mais Médicos, deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) é suspeito de irregularidades à frente da secretaria de Saúde de Campo Grande (MS)

Reprodução/Câmara dos Deputados

Próximo a empresas de saúde privada e santas casas, Mandetta foi colega de Bolsonaro na Câmara

São Paulo – O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou nesta terça-feira (20) o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) como ministro da Saúde em seu governo. Mandetta tem o aval dos deputados da Frente Parlamentar da Saúde, que reúne representantes dos interesses de planos de saúde, santas casas e organizações sociais de saúde (OSS). 

O novo ministro diz contar com o apoio de “todo o setor organizado” da saúde, sem mencionar especificamente o setor público, e prometeu a “recuperação da saúde brasileira”. 

Ortopedista de formação, Mandetta presidiu a Unimed de Campo Grande entre 2001 e 2004. Em 2005, assumiu a Secretaria de Saúde da capital sul-matogrossense durante gestão dos prefeitos Nelsinho Trad (MDB) e André Puccinelli. 

O futuro ministro responde a inquérito por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 na implementação de um sistema de prontuário eletrônico na prefeitura. Segundo uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) de 2014, o pagamento foi feito, mas o sistema não foi instalado, com prejuízo de R$ 6 milhões. Mandetta nega irregularidades. 

Durante a campanha de 2014, quando foi reeleito deputado, Mandetta recebeu doação de R$ 100 mil da operadora de plano de saúde Amil. Neste ano, não disputou eleições e ficaria sem cargo a partir de fevereiro do próximo ano.

Assim como Bolsonaro, Mandetta também critica o programa Mais Médicos, desde a sua implementação, em 2013. Ele chegou a falar em “navio negreiro do século 21” ao se referir aos milhares de médicos cubanos vindos ao Brasil, predominantemente negros. “Este era um dos riscos de terceirizar uma área tão essencial. Me parece que era muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil”, afirmou o futuro ministro, que chamou as ações do programa como “improvisações”. 

Pesquisas apontam aprovação do atendimento dos médicos cubanos por ampla maioria dos usuários.

Mandetta é o terceiro ministro do DEM anunciado para compor o governo Bolsonaro. São também do partido o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que comanda a transição e foi anunciado como ministro-chefe da Casa Civil, e a deputada federal ruralista Tereza Cristina (DEM-MS), conhecida como “musa do veneno”, por sua defesa da expansão do uso de agrotóxicos, que vai ocupar a pasta da Agricultura. 

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