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Boaventura: ‘Os militares falam de uma nova democracia, mas sem o PT’

Para o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o discurso e a retórica usada durante a campanha é extremamente violenta, agressiva e que tem uma característica nova, antidemocrática

Reprodução/Youtube

‘Os meus rivais políticos só têm dois caminhos: ou a prisão ou o exílio. Bem, isto é o fim da democracia’

São Paulo – Em entrevista publicada na edição de hoje (4) do jornal português Público, o sociólogo e jurista Boaventura de Sousa Santos afirma estar preocupado com o Brasil. Diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e professor da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, Boaventura entende que a eleição de Jair Bolsonaro representa mais um episódio no “ciclo reacionário global”.

“Está a preocupar-me uma confusão cada vez maior entre os conceitos de ‘ditadura’ e de ‘democracia’. Estamos a entrar em regimes híbridos. Têm elementos de democracia, na medida em que há partidos, e continua a haver uma disputa eleitoral. Mas são democracias truncadas ou de baixíssima intensidade”, disse o intelectual português de grande projeção internacional.

Ele observa que, nessa atual confusão, “os militares falam da nova democracia, que é uma democracia sem o PT, sem a esquerda. Isto não é novo. Tivemos isso na Europa, depois da II Guerra Mundial, na parte Ocidental, a partir de 1945, na Itália e depois na Grécia. Os comunistas tinham a maioria devido à sua luta contra o nazismo e houve uma política de contenção desses partidos.”

Para Boaventura, o discurso e a retórica usada durante a campanha de Bolsonaro, extremamente violenta e agressiva, tem uma característica nova, antidemocrática. “Há uma recusa em discutir as ideias dos adversários. Como disse Bolsonaro na campanha, ‘os meus rivais políticos só têm dois caminhos: ou a prisão ou o exílio’. Bem, isto é o fim da democracia. Mas isto é o que se diz em campanha. O que é que se vai realizar depois é diferente. O próprio Trump manteve o seu discurso, mas teve de se articular com o sistema político que está no terreno. No Brasil, o problema é saber qual vai ser o sistema político com que ele vai ser recebido. Vai ser Presidente num Congresso onde 75% da câmara dos deputados é conservadora”.

Para ler a íntegra da entrevista, clique aqui.

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