Polarização

PSDB foi um dos maiores derrotados na eleição, diz cientista política

'A polarização que tinha antes, entre PT e PSDB, se rompeu', diz Maria do Socorro Sousa Braga. Em São Paulo, voto útil e indecisos levaram Marcio França ao segundo turno contra João Doria

Rovena Rosa/Agência Brasil

Desempenho do tucano Geraldo Alckmin nas eleições indica que PSDB pode estar perto de seu fim

São Paulo – Apesar do número de votos de Bolsonaro ter sido maior do que o esperado, a eleição à Presidência da República chegou ao resultado apontado pelas pesquisas, com a “polarização” entre a extrema-direita, representada pelo candidato do PSL, e a centro-esquerda, com Fernando Haddad (PT).

Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos, a votação recebida por Bolsonaro acima do que as pesquisas indicavam mostra como o país está dividido. “Mas a polarização que tinha antes, entre PT e PSDB, se rompeu. O PSDB foi um dos partidos que mais saiu perdendo na eleição”, diz.

Geraldo Alckmin ficou abaixo de 5% na votação. Ele teve 4,78% dos votos válidos, pouco mais de 2% acima de João Amoêdo (Novo), que obteve 2,52%. 

“Já o PT conseguiu ir ao segundo turno contra um candidato que não tem grande estrutura partidária, pois é de um partido nanico, mas conseguiu apoio de lideranças de outros partidos.” O Partido Novo e o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, são exemplos desse movimento pró-Bolsonaro.

A analista considera até certo ponto surpreendente a militância bolsonarista nas ruas, em contraposição à mobilização pequena dos petistas, como sempre foi a sua tradição. “A impressão é de que estavam mais preocupados com as possibilidades de Haddad ir ou não ao segundo turno.”

Aparentemente, Bolsonaro seguirá apoiado pelos partidos que já o apoiaram no primeiro turno. “Agora é Haddad que tem que fazer o trabalho de atrair os partidos e eleitores do campo progressista que votaram em Ciro, Boulos, além de PSB e parcela do PSDB. São essas forças que eu penso que vão se unir na tentativa de segurar os ânimos bolsonaristas.” 

Após a confirmação do segundo turno, Haddad disse que Ciro Gomes foi um dos candidatos deste primeiro turno que ligaram para ele. O petista também falou com Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol).

Reprodução/Youtube
‘Agora, Haddad tem que fazer o trabalho de atrair os partidos e eleitores do campo progressista’

São Paulo

No maior estado da federação, observa a professora da Ufscar, deu-se uma surpresa com a ida de Márcio França (PSB) ao segundo turno, para disputar com João Doria (PSDB). As pesquisas indicavam que o adversário de Doria seria Paulo Skaf (MDB). “Elas não conseguiram identificar antes. Provavelmente foi resultado do voto útil. Várias pessoas deixaram de votar nos seus candidatos preferenciais e votaram no França.”

Para ela. O voto do indeciso de última hora também pode ter pesado a favor do atual governador de São Paulo. “Esses indecisos, em cima da hora, deram um voto de confiança ao França e tiraram o Skaf.”

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