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Muro verde ‘sem dinheiro público’ de Doria custa R$ 500 mil em manutenção

Candidato do PSDB ao governo paulista garantiu que projeto na Avenida 23 de Maio não teria dinheiro dos paulistanos ‘nem na implantação, nem na manutenção’.

Alf Ribeiro/Folhapress

Estrutura foi construída na Avenida 23 de Maio em 2017 sob promessa de que não teria dinheiro público investido

São Paulo – Construído na gestão do ex-prefeito e candidato ao governo paulista João Doria (PSDB), o muro verde da Avenida 23 de Maio, que segundo o tucano não teria “dinheiro público nem na implantação, nem na manutenção”, custa aos paulistanos R$ 500 mil por ano. Apesar disso, vários pontos do corredor estão com plantas secando e lixo acumulado.

Próximo ao Viaduto da Beneficência Portuguesa e ao Viaduto Pedroso, o paredão tem as plantas secas. Em outros pontos, algumas espécies cresceram e ocupam a calçada. Ainda na gestão Doria, havia compromisso de que a empreendedora imobiliária Tishman Speyer se responsabilizaria pela manutenção do muro verde até 2020.

A estrutura custou R$ 9,7 milhões para ser instalada e a gestão Doria estimou que a manutenção exigiria aproximadamente R$ 137 mil por ano, que seriam bancados pela empresa. Foi totalmente financiado pelo setor privado, garantiu o ex-prefeito na inauguração, em 5 de agosto do ano passado.

No entanto, em abril deste ano a empresa rompeu o acordo. Agora a prefeitura terá de realizar uma licitação e contratar uma nova “parceira” para manter a estrutura. As informações são do jornal O Estado de São Paulo

O muro verde foi instalado a partir de um combinado com a empresa, que devia compensações ambientais ao município pelo corte de 856 árvores em uma área no bairro do Morumbi, para construção de um condomínio de alto padrão. A estrutura cobriu o painel de grafites – apagado pessoalmente por Doria – meses antes. A execução do serviço ficou a cargo da Movimento 90º, que alegou ter cumprido todo o contrato.

A estrutura tem 6 quilômetros e recebeu 250 mil mudas de 30 espécies de plantas. Além de uma estrutura de irrigação contínua. Ambientalistas criticaram o projeto, alegando que para ter algum efeito ambiental o muro precisaria ter 1.500 quilômetros de extensão e que plantas pequenas não auxiliam no controle de poluição urbana e na produção de água.

“O muro verde é como um paciente na UTI. Ele custa muito caro, precisa de manutenção permanente e não sequestra carbono como as árvores. Nós estimamos que o serviço ambiental prestado por duas árvores corresponde a cerca de 1,5 mil metros quadrados de parede verde. A diferença é absurda”, explicou o biólogo Marcos Buckeridge, pesquisador do Instituto de Biociências e do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao jornal Estadão, quando o projeto foi anunciado.

Em nota, a prefeitura confirmou a quebra do acordo. “A Secretaria das Subprefeituras esclarece que em abril de 2018 o responsável pela implantação do muro verde entregou o encargo dos serviços de manutenção do local à Prefeitura de São Paulo. O termo previa a manutenção do muro durante o período de 48 meses, mas somente 12 foram executados, descumprindo o que havia sido acordado.   A Prefeitura, então, seguiu com os cuidados no local e publicou no dia 30 de agosto a licitação para contratar as empresas que irão assumir os trabalhos.

É preciso esclarecer que, mesmo com o trâmite licitatório em andamento, o local segue recebendo manutenção, irrigação das plantas no período noturno (duas vezes por semana), zeladoria diária no perímetro e poda com equipamento das equipes de manutenção do verde das Subprefeituras Sé e Vila Mariana (fotos anexas). É fundamental a conscientização dos munícipes em relação preservação do Muro Verde, que tem por objetivo trazer embelezamento e humanização para a capital.”

*O texto foi alterado as 21h, corrigindo a informação do custo de manutenção mensal para anual

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