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Justiça proíbe visita de Mino Carta e Fernando Morais a Lula em Curitiba

Os jornalistas são amigos de Lula há anos. Visitaram o ex-presidente quando ele foi preso durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Agora, foram impedidos após decisão do STF

reprodução/facebook

Mino Carta: ‘Me entristece o fato de que não tenhamos gente disposta a quebrar tudo’

São Paulo – Dois amigos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram impedidos hoje (4) de visitá-lo na sede da Polícia Federal do Paraná, onde está preso há seis meses. Os jornalistas Fernando Morais e Mino Carta foram barrados após a omissão do juiz Danilo Pereira Júnior em um pedido de liberação da visita. A natureza da omissão está em uma recente decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. 

Nos últimos dias, o Supremo se viu em briga institucional. O ministro Ricardo Lewandowski concedeu despachos quebrando a censura contra Lula, permitindo a realização de entrevistas com ele. O ministro Luiz Fux vetou o primeiro despacho e o presidente da Corte barrou o segundo. A decisão está suspensa e deve ser levada a plenário.

Apesar de serem jornalistas, Mino e Morais não estavam lá para entrevistar o ex-presidente. São amigos de Lula há muitos anos. Mesmo quando Lula foi preso durante a ditadura civil-militar (1964-1985), os dois o visitaram. Nem a repressão da ditadura havia impedido os amigos de se encontrar. Agora, a Justiça em tempos de suposta democracia coloca esse impedimento.

“Não é um absurdo contra o Mino, contra mim nem contra o Lula. É contra a sociedade. Querem que fique claro quem manda no país. O golpe agora é togado. Uma absoluta vergonha. Não iríamos entrevistá-lo”, reforça Morais. 

Diretor da revista CartaCapital, Mino relatou sua visita a Lula durante o período de exceção. “Visitei o Lula no Dops (em 1980, quando ele era dirigente sindical metalúrgico). Fomos recebidos fidalgamente pelo Romeu Tuma que era diretor-geral da PF. Ele nos colocou em uma espécie de sala que integrava o gabinete dele e se retirou. Nos deixou conversar à vontade com o preso que todos os dias recebia visitas da Marisa e dos filhos”, relatou. “Me entristece o fato de que não tenhamos gente disposta a quebrar tudo.”

Finalidade das ditaduras

“Os militares fizeram coisas horrorosas mas não venderam o Brasil. Esses aí estão fazendo tudo isso para entregar o pré-sal, a Embraer, o que der para entregar. Pode ser que no dia 1º de janeiro a vaca deles vá para o brejo”, observou Fernando Morais, que prepara um livro sobre o ex-presidente.

Outro ponto que revela os interesses internacionais no Brasil é a presença de norte-americanos para “fiscalizar” as eleições de outubro, de acordo com o escritor. “Norte-americanos estão aqui para vigiar as eleições. Eles estão por trás de tudo isso. Qualquer um que se der o trabalho de ver o WikiLeaks vai ver que a relação dos Estados Unidos com o golpe começou antes dele. Eles não estarão aqui para fiscalizar a lisura e sim vigiar.”

Por fim, o jornalista e escritor disse que Lula sabe que estiveram ali. “Ele sabe que o Brasil está aqui. Essa proibição é contra o Brasil, contra quem vê isso. Não querem que o povo saiba o que está acontecendo no Brasil. Não querem que saibam que está em curso um golpe de Estado. Estamos um golpe de toga. O presidente do STF, exibido, vaidoso, para aparecer na televisão proíbe um preso de receber amigos de 40 anos.”

 

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