reta final

Haddad: ‘Se a gente acha ruim o governo Temer, não imagina o que é Paulo Guedes’

Em encontro com sindicalistas na Força Sindical do Paraná, em Curitiba, o presidenciável do PT diz que responsável pela área econômica de Bolsonaro tem teses neoliberais que 'chegam à crueldade'

Claudio Kbene

“Aécio não teve coragem de concorrer por Minas e correu da Dilma Rousseff”, disse candidato

São Paulo – O candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, teve extensa agenda em Curitiba nesta segunda-feira (1º). Visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela manhã, participou de caminhada com o candidato ao governo do estado pelo partido, Dr. Rosinha, e com a candidata a uma vaga na Câmara Federal, a hoje senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann. Mais tarde, esteve em encontro na Força Sindical, na capital do estado.

O candidato teria ainda uma agenda com o senador e candidato à reeleição Roberto Requião (MDB). Segundo o petista, “a grande dificuldade (da candidatura) é o Centro Sul do país”. “Estamos crescendo, mas temos que dar uma arrancada na reta final, até para não dividir o país”, disse, no encontro com os sindicalistas.

Nos eventos, ele insistiu na ameaça representada pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e o economista de sua campanha. “Se a gente acha ruim o governo Temer, não pode imaginar o que é o Paulo Guedes no comando da economia do país. É um cara que não tem limites para cortar direitos. É um neoliberal de um radicalismo que chega às raias da crueldade. Isso não é brincadeira.”

Haddad também criticou os tucanos. “O governo Temer, que tem 90% de rejeição, é apoiado pelo MDB e o PSDB.” Sem citar o nome, mencionou “um ministro (Aloysio Nunes) que está até hoje no governo Temer porque não teve coragem de concorrer ao Senado por São Paulo, e o Aécio não teve coragem de concorrer por Minas e correu da Dilma Rousseff”.

Para ele, o país vive um “pesadelo” desde antes do golpe parlamentar que derrubou Dilma. “Foi depois da crise política de 2014, quando a democracia passou a ser contestada, que passamos a viver o pesadelo em que estamos até hoje, do qual vamos sair no dia 7 e depois no dia 28, pelo voto.”

O candidato criticou a tentativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (SFT) Luiz Fux de impedir Lula de dar entrevista à Folha de S. Paulo. Fux foi desautorizado por nova determinação do ministro Ricardo Lewandowski .

“Já impediram Lula de participar da eleição, contrariando a ONU, e de votar. E agora estão proibindo de ser entrevistado. Onde vai parar esse conjunto de arbitrariedades?”, questionou, pouco antes da nova decisão de Lewandowski. “Agora já não é nem contra o Lula. É contra a liberdade de imprensa. “Quando o impediram de ser candidato, foi um gesto contra a soberania popular. As pessoas queriam votar e encerrar o assunto no primeiro turno.”

Essa série de atitudes partindo das mais altas instituições da República “está causando estranheza no mundo inteiro”, disse Haddad. “Ninguém está entendendo o que está acontecendo no Brasil. Só por meio do voto podemos recolocar o país na trilha da democracia com desenvolvimento social.”

Segundo ele, gestos como o de Fux soam como ironia, considerando que a chamada mídia tradicional acusa os governos petistas e, agora, seus candidatos de instaurar um regime bolivariano no país. “(Mas é) A Venezuela que eles têm na cabeça. Porque quem deu o golpe de 64 foram eles e de 2016 também foram eles.”

Agenda de reformas 

Haddad voltou a comentar um tema que foi objeto de polêmica entre ele e Ciro Gomes (PDT) no debate realizado na TV Record na noite de domingo (30), sobre a instauração de uma Assembleia Constituinte exclusiva.

“A preocupação é que o Congresso tenha uma agenda de reformas constitucionais importantes. Constituinte exclusiva, se o Congresso assim entender. Nosso propósito é promover as reformas constitucionais”, disse em Curitiba.

Essas reformas incluiriam mudança do regime tributário, do sistema bancário “contra o cartel que espolia a população” e também a questão do regime próprio da Previdência. “Tem uma agenda ampla e gostaríamos que o Congresso criasse um rito para aprovar essas medidas que deem segurança jurídica e criem um ambiente de negócios favorável à retomada do crescimento”.